Apesar da imensidão de nosso país, que possui regiões com climas completamente diferentes, não temos problemas com condições extremas. Para nós, nevascas, furacões ou terremotos são apenas assuntos de jornais noticiários. Além disso, nossa posição no globo terrestre faz com que até a cidade mais ao sul receba luz solar durante todo o ano de forma satisfatória.
Já em outros países, a luz do Sol pode se tornar algo luxuoso nos períodos de inverno. Isso acontece geralmente mais perto dos polos, mas mesmo assim não faltam soluções criativas, e uma cidade norueguesa utilizou espelhos para iluminar uma região que tem o Sol bloqueado por uma montanha nos meses mais frios.
Rjukan
A 180 quilômetros de distância de Oslo, capital norueguesa, a pequena cidade de Rjukan não recebe luz solar durante 6 meses. Construída no fundo de um vale, sua posição geográfica faz com que as montanhas ao redor bloqueiem a iluminação natural de setembro a março, todos os anos.
A cidade foi construída pelo engenheiro Sam Eyde, fundador da Hydro, empresa conhecida mundialmente pela produção de alumínio. O local foi escolhido pelas facilidades que oferecia para a produção de fertilizante artificial, combinando infraestrutura de transporte e fornecimento de energia.
Os melhores engenheiros e arquitetos da época foram contratados pela companhia, e por isso ela ficou conhecida como “cidade da empresa”. A relevância histórica da região fez com que, em 2015, ela fosse agraciada com o título de Patrimônio Mundial da Unesco.
Espelho solar
Por mais que algumas pessoas prefiram ficar longe dela, a luz solar é muito importante para a nossa saúde. Ela ajuda na síntese de algumas vitaminas e pode até mesmo auxiliar na prevenção de certas doenças.
Após a construção da cidade, em 1913, Sam Eyde pensou nos problemas que a falta de insolação no inverno poderia causar aos moradores e propôs a construção de um espelho, que chamou de “Solspeil”, no topo de uma das montanhas.
Esse foi um dos únicos objetivos que ele não conseguiu completar antes de sua morte. Em 1928, porém, seu sucessor deu outra solução para o problema: optou pela construção de uma gôndola, que carregava os moradores até o topo da montanha para que pudessem aproveitar a luz solar. Chamado de Krossobanen, o veículo funciona até hoje e ajuda quem prefere sentir o Sol de forma direta.
Apenas em 2013 o espelho idealizado pelo fundador da cidade foi construído, utilizando tecnologia moderna para direcionar os grandes refletores. O aparato foi posicionado em uma montanha que fica 400 metros acima da cidade e redireciona os raios solares direto para a praça da cidade.
Três espelhos, com área total de 51 m², formam um conjunto que consegue iluminar uma área em formato de elipse com 600 m² no centro da cidade. A intensidade da luz varia entre 80% e 100% do que atinge o topo da montanha, e todo o processo é controlado por um sistema automatizado.
A tecnologia proporciona cada vez mais soluções que até pouco tempo atrás pareciam coisa de ficção científica. É incrível perceber que, mesmo habituados a novidades, ainda podemos ser surpreendidos por novas soluções que conseguem resolver problemas centenários.