Você soube da inauguração da ponte Hong Kong-Zhuhai, a maior ponte marítima do mundo, com 55 quilômetros de extensão? Ela conecta Hong Kong à China — via Macau — e foi construída sobre o delta do Rio das Pérolas, segundo maior rio chinês em caudal e terceiro maior em comprimento, vindo depois apenas do Yangtzé e do Amarelo.
Proeza da engenharia
Apesar de a conclusão das obras da Hong Kong-Zhuhai ter sofrido diversos atrasos — afinal, a entrega deveria ter ocorrido em 2016 —, a ponte vem sendo considerada uma maravilha da engenharia. Isso porque, além de ser projetada para resistir a terremotos de magnitude 8 e aos constantes e poderosos tufões que passam pela região, a estrutura também deve suportar as eventuais colisões de cargueiros que navegam pelo Rio das Pérolas.
Ainda nesse sentido, a Hong Kong-Zhuhai conta com um túnel de 6,7 quilômetros que fica submerso entre duas ilhas artificiais, justamente para facilitar o tráfego de grandes embarcações. Outra coisa que os engenheiros tiveram que considerar no projeto foi o grande fluxo de aviões criado pelo Aeroporto Internacional de Hong Kong, cujas rotas passam sobre a ponte. Portanto, os times tiveram que trabalhar com um limite máximo de altura bastante específico.
Conforme mencionamos, a inauguração da obra — que teve início em 2009 — extrapolou os prazos estabelecidos e só ocorreu oficialmente nesta terça-feira, dia 23. Mas a data de entrega da ponte não foi a única coisa que excedeu o programado. O orçamento também estourou e o custo da Hong Kong-Zhuhai ficou em mais de US$ 20 bilhões (mais de R$ 70 bilhões), gerando um turbilhão de críticas, uma vez que os territórios envolvidos na construção sofrem com outras questões que necessitam investimento.
Críticas pesadas
E não é só isso: os levantamentos apontam que 18 trabalhadores morreram durante a construção e que 275 sofreram ferimentos. Ademais, embora a ponte conecte três áreas diferentes da China, ou seja, as Regiões Administrativas de Hong Kong e Macau à China continental, a Hong Kong-Zhuhai não oferecerá livre acesso entre elas.
Essas três áreas têm sistemas políticos diferentes e cada um contará com um sistema próprio de controle de fronteiras e imigração. Além disso, os táxis locais estão proibidos de circular pela ponte e apenas ônibus de passageiros e veículos comerciais poderão transitar por ela. Com relação aos automóveis particulares, somente os que conseguirem uma licença especial terão permissão de viajar pela Hong Kong-Zhuhai. Daí você deve estar se perguntando: então, por que é que esse negócio foi construído?
Entre as justificativas oferecidas pelos defensores do projeto está a de que a ponte reduz o tempo de viagem entre Hong Kong e Zhuhai, na China, de 3 horas para apenas 30 minutos, e que ela servirá para criar um polo de alta tecnologia na região — ideia alinhada com o propósito chinês de “desbancar” os EUA como potência tecnológica — e para estreitar as relações entre as três regiões.
Mas os críticos, por outro lado, alegam que já existe uma linha de trens que liga Hong Kong à China, assim como balsas que transportam pessoas de um local a outro, o que significa que a ponte seria totalmente desnecessária. Outro ponto levantado foi que, em vez de estreitamento entre as partes, o que o Governo Chinês pretende mesmo é aumentar a sua influência e controle sobre Macau e Hong Kong.