Pouco tempo atrás saiu uma pesquisa da Charapedia, um site da indústria de animes japonês, e dele eu pude retirar os nomes de duas mangakas mulheres. Claro que o ranking não era especificamente sobre mulheres, mas sim mangákas em geral. Infelizmente a industria é dominada pelos homens, e somente algumas mulheres ganham destaque nela.
E na enquete foi votado os 20 mangakas favoritos de 2018, sendo que apenas 2 pude confirmar que são mulheres pois outros perfis não pude confirmar seu gênero. Não vou me prender ao ranking e sim em divulgar as informações sobre elas. Por serem tão poucas, é interessante divulgá-las pois muitas pessoas pensam que esse universo é unicamente masculino.
Tenho certeza que você vai se surpreender com o artigo. Quem sabe seu mangá favorito pode ter sido escrito / ilustrado por uma mulher e você nem sabia desse “detalhe”.
1. Hiromu Arakawa
Natural de Hokkaido, esta mangaká nasceu em 8 de maio de 1973. Seu sucesso Fullmetal Alchemist é até hoje um dos melhores animes de todos os tempos, e até hoje monopoliza a 1ª posição no My Anime List em termos de popularidade e nota. Hiromu é o pseudônimo masculino que ela escolheu por temer que seu mangá fosse rejeitado pelo público japonês.
Seu verdadeiro nome na verdade é Hiromi. E ela costuma usar usar um desenho de uma vaca de óculos para se retratar nos mangás pois foi criada em uma fazenda de gado de leite.
E desde pequena já pensava em se tornar uma mangaka, e como todo artista nato, já desenhava nos livros didáticos durante os anos de escola. Já em 1999 ela se mudou para Tóquio e começou sua carreira no mundo dos mangás. Na época ela era assistente mas iniciou sua carreira tempos depois com a publicação de stray dogs.
2. Rumiko Takahashi
Nascida em 10 de outubro de 1957, hoje ela tem 60 anos de idade, ou seja, uma vovó que desenha mangás :). Se você curte mangás com certeza conhece algumas de suas obras tais como inuYasha, Ranma ½, turma do barulho (Urusei Yatsura) ou Maison ikkoku.
Ela é uma das mangakas mais respeitadas e ricas do Japão. Mas ela merece, pois seus trabalhos alcançaram o mundo. E com isso ela também é a artista que, até fevereiro de 2013, vendeu mais mangás, com 170 milhões de cópias das suas obras vendidas.
Tratada por seus amigos íntimos como Rumiko-sensei, esta mangaká tem a fama de ser gentil e simples além de conquistar a todos com seu sorriso. E suas obras são especialmente dirigidas para a comédia romântica e sátiras do cotidiano da vida japonesa.
Extras
Bom essas são as duas únicas mangakás que observei na lista da Charapedia. É comum em editoras que os seus autores optem por manter em sigilo suas informações, e no caso da indústria de mangás e outros do gênero não é estranho que isto aconteça.
Esta é uma das liberdades que os autores tem quando se trata de obras que necessitam de criatividade, afinal ninguém faz um bom livro sem uma boa inspiração. Sabendo disto, a industria mundial deste setor respeita o anonimato dos autores de mangá.
Bom, apesar de eu ter identificado apenas essas duas mangakás mulheres na lista da Charapedia, pode ficar tranquilo pois existem outras excelentes mangakas com obras muito relevantes na cultura pop japonesa. Falarei delas a seguir. Então vamos lá.
3. Naoko Takeuchi
Nascida em 15 de março de 1967, esta é outra mulher experiente que trabalha nesta indústria que podemos citar. Sua obra mais famosa, Sailor Moon, é reconhecida internacionalmente. Para quem não conhece, este manga originou o anime das garotas mágicas.
Ironicamente Naoko Takeuchi é formada em química, fez uma especialização em Ultrassonografia e tornou-se uma farmacêutica licenciada. Casou-se em 1999, e vive atualmente em Tóquio. Ela tem dois filhos, nascidos em 2001 e em 2009, respectivamente.
4. Yuu Watase
Nascida na data de 5 de março de 1970, Yuu Watase tem fama de ser uma das mais respeitadas profissionais da área no Japão. Aos 18 anos de idade teve sua primeira obra publicada, e enquanto estudava ela ainda publicou mais algumas pequenas obras, mas uma de suas mais famosas obras, Fushigi Yuugi, teve mais de 18 volumes.
Depois disto Yuu Watase ficou reconhecida na indústria dos mangás e escreveu varias outras obras, ganhando o prêmio Shogakukan Manga Award por sua obra Ayashi no Ceres em 1998. E atualmente está fazendo Arata Kangatari (O mito de Arata).
5. Ai Yazawa
Tendo a data 7 de março de 1967 como dia de seu nascimento e Amagasaki, em Hyogo, como cidade natal, Ai Yazawa tem suas obras voltada para o público feminino, ou seja o famoso shoujo, e neste gênero esta talentosa artista tem vários trabalhos populares no Japão.
Sua carreira iniciou-se em 1985, e durante 15 anos escreveu 10 séries para uma revista adolescente. Seus mangás mais famosos são Tenshi Nanka Ja Nai, Gokinjo Monogatari, Paradise Kiss e Nana, sendo este último, um dos mangás mais vendidos em 2017.
6. Keiko Takemiya
Nascida em 13 de fevereiro de 1950, Keiko Takemiya tem atualmente 78 anos, uma idade que muitos considerariam avançada para o ofício de mangaka, tem nada a ver já que não existe idade para desenhar e mostrar criatividade. Keiko mora em Kamakura, Kanagawa e foi pioneira no gênero boy`s love, ou seja, abordando o amor entre meninos do mesmo sexo.
Tanto que em dezembro de 1970, ela publicou um conto, “In the Sunroom”, que provavelmente é o primeiro mangá de shōnen-ai publicado e contém o mais antigo beijo entre homens conhecido no mangá shōjo. Dois grandes méritos desta grande autora, portanto os leitores que gostam deste gênero podem e devem reverenciar a senhora Keiko Takemiya.
Conclusão
Então é isto, caso queiram mais informações sobre as mangakás mulheres citadas neste artigo, deixarei o link para vocês acessarem e obterem mais informações sobre elas. Infelizmente as mulheres e autores de manga não são tão reconhecidos a não ser que tenham trabalhos notáveis, afinal esta é a regra de qualquer indústria. Sobrevive o melhor.
Eu creio que existam outras mangakas mulheres que poderiam compor esta lista, mas nem sempre conseguimos informações suficientes sobre os autores. Como sabemos, alguns profissionais dessa indústria preferem viver no anonimato e só podemos descobrir algo quando alguma delas emplaca um sucesso nesta indústria, considerada machista infelizmente.
Fonte: Japão em Foco