A atriz japonesa Kirin Kiki morreu há algumas semanas e seu desejo de ter um funeral modesto foi atendido. Ainda assim, os arranjos de flores presentes na cerimônia chamaram a atenção, especialmente de quem não conhece os ornamentos florais que os japoneses costumam usar em velórios.
No caso de Kiki, o arranjo floral foi considerado simples, mas muito bonito, criando uma onda de flores brancas que receberam familiares, amigos e fãs da atriz. A onda de flores foi composta por 1.200 crisântemos, orquídeas e gipsófilas.
No Japão, é muito comum que as pessoas tenham velórios enfeitados com ondas e montanhas, especialmente homens, para representar a força dos que se foram. Acredita-se que a preferência por flores em abundância tenha começado em Kyoto, há apenas 30 anos, criando um costume cada vez mais forte, mas tão recente quanto a tecnologia e a logística para organizar essas apresentações.
Beleza sem fim
Como você deve imaginar, não é barato criar esse cenário floral de despedida. Em 2006, a empresa Beauty Kadan se consolidou como a primeira especializada em arranjos florais funerários a fazer parte da Bolsa de Valores de Tóquio, e a Youkaen, que atua no ramo de flores funerárias desde 1972, afirma que 75% dos seus 50 bilhões de ienes em vendas vem das flores de funerais.
A complexidade dos arranjos de flores para funerais no Japão foi registrada por Haruichi Mimura, que fez um livro de 480 páginas sobre o seikasaidan, que é o nome desse trabalho. Tudo é levado em conta para que o arranjo final seja deslumbrante: desde o tipo de flor até as ferramentas utilizadas para o plantio, a colheita e a ornamentação.