A relação entre pai e filho é fundamental para o crescimento saudável das crianças e para estabelecer um terreno saudável para o seu futuro.
Quando os filhos têm um bom relacionamento com os pais, eles se tornam adultos seguros, amorosos e preparados para lidar com as dificuldades da vida da maneira mais positiva possível.
Infelizmente, muitas famílias não são preparadas para criar uma criança como deve ser. Os pais podem ser muito ausentes, frios e agressivos, ou apenas não sabem como conservar um relacionamento saudável com elas, o que provoca um afastamento natural e não permite que vínculos fortes e verdadeiros sejam estabelecidos.
O número de crianças que não possui uma conexão forte com os pais é de 4 em cada 10, de acordo com uma pesquisa realizada em 2014 pela Princeton University e Woodrow Wilson School of Public and International Affairs.
O estudo analisou 14.000 crianças norte-americanas, e comprovou que 40% delas não possui um apego seguro com os pais, dimensão que é fundamental para que tenham uma vida saudável.
Problemas comportamentais e educacionais são consequências direta dessa relação superficial.
O instituto Sutton Trust, que tem como missão melhorar a mobilidade social e abordar a desvantagem educacional, publicou um relatório de pesquisadores da Princeton University, Columbia University, the London School of Economics and Political Science e University of Bristol que revela que as crianças com menos de três anos de idade que não formam vínculos fortes com seus pais se tornam mais propensas a comportamentos agressivos, desafiadores e hiperativos, quanto se tornam adultos.
O apego seguro entre pai e filho se inicia desde quando a criança está nos seus primeiros dias de vida, através de cuidado e presença, como segurar a criança no colo enquanto ela chora, fazer o seu melhor para tranquilizá-la e mostrar que ela não está sozinha.
“Quando os pais sintonizam e respondem às necessidades de seus filhos, e são uma fonte confiável de conforto, as crianças aprendem a gerir os seus próprios sentimentos e comportamentos”, isso é o que diz a doutoranda Sophie Moullin, que estuda no Departamento de Sociologia da Princeton University e do Escritório de Pesquisa Populacional.
“Estes apegos seguros com suas mães e pais fornecem a esses bebês uma base a partir da qual eles podem florescer.”
Moullin escreveu um relatório sobre esse tema em parceria com Jane Waldfogel da Columbia University e London School of Economics and Political Science e Elizabeth Washbrook da University of Bristol, Londres. Para o relatório, elas usaram dados coletados no estudo Early Childhood Longitudinal Study, realizado com 14.000 crianças nascidas no ano de 2001, além de analisarem mais de 100 estudos acadêmicos.
A análise das pesquisadoras comprova que apenas cerca de 60% das crianças desenvolve apego forte com os pais e recebe os benefícios desse contato, que vão desde a área cognitiva até emocional.
As crianças ligadas verdadeiramente aos pais são mais resilientes à pobreza, instabilidade familiar, estresse parental e depressão, e os meninos que vivem em família saudáveis apresentam menos problemas de comportamento na escola. Já as crianças que convivem com a ausência dos pais, que representam 40%, são inseguras e mais propensas a comportamentos negativos antes mesmo de entrarem na escola, além de tenderem a manter a mesma conduta no decorrer da vida adulta, com mais chances de abandonar os estudos e irem mal no trabalho, de acordo com as pesquisadoras.
“Este relatório identifica claramente o papel fundamental do apego seguro poderia ter ao estreitar essa lacuna na preparação para a escola e melhorar as oportunidades de vida das crianças. Mais apoio por parte dos visitantes de saúde, centros infantis e as autoridades locais no sentido de ajudar os pais a melhorar a forma como eles criam o vínculo com seus filhos poderia desempenhar um papel na redução do hiato educacional”, disse Conor Ryan, diretor de pesquisa do Sutton Trust.
O oposto do apego seguro, apego inseguro, foi definido muito bela pela professora Susan Campbell, que leciona psicologia na University of Pittsburgh, e também estuda o desenvolvimento social e emocional de crianças pequenas e bebês:
“Quando os bebês indefesos aprendem cedo que seus choros serão respondidos, eles também aprendem que suas necessidades serão satisfeitas, e provavelmente irão formar um apego seguro com seus pais (…) No entanto, quando os cuidadores estão sobrecarregados por causa de suas próprias dificuldades, os bebês são mais propensos a aprender que o mundo não é um lugar seguro — levando-os a se tornarem necessitados, frustrados, afastados ou desorganizados”.
Nem sempre os pais possuem as habilidades necessárias para promover um apego seguro para os seus filhos. Sua criação e modo de vida também influencia em como eles lidam com suas crianças, e por isso os pesquisadores afirmam que eles precisam de apoio nessa missão de promover a melhor criação para seus filhos:
“Intervenções direcionadas também podem ser altamente eficazes em ajudar os pais a desenvolverem comportamentos que promovam o apego seguro. O momento de dar apoio a famílias que estão em risco de oferecer uma criação deficitária, idealmente, começa cedo — no momento do nascimento ou até antes”, diz Waldvogel, co-autor do relatório e professor de serviço social e de assuntos públicos na University of Columbia.
O apego seguro e seu papel nas vidas das crianças é um tema muito importante, e foco de muitas pesquisas. Isso nos faz enxergar o quanto é fundamental trabalharmos todos os dias nossas capacidades enquanto pais para fornecermos aos nossos filhos a melhor criação que pudermos, porque eles dependem muito de nós para viverem com segurança, felicidade e saúde.