A cultura japonesa, assim como as principais religiões adotadas no país não têm uma história de hostilidade em relação à homossexualidade e ao universo LGBT. Uma pesquisa de opinião realizada em 2015 descobriu que a maioria dos japoneses é a favor da aceitação da homossexualidade e apoia a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia é festejado em 17 de maio. Durante este mês, é realizado em Tóquio desde 2012, o Tokyo Rainbow Pride Parade (東京レインボープライド), cujo objetivo desta minoria é ter direitos e ser aceita na sociedade.
Assim como acontece em várias partes do mundo, as minorias sexuais no Japão são discriminadas e precisam lutar arduamente para ter seus direitos legalmente reconhecidos. Os direitos LGBT raramente são discutidos ou debatidos publicamente, e a maioria dos partidos políticos não faz qualquer posição formal, em favor ou em oposição aos direitos LGBT.
Apesar do preconceito não ser tão nítido como vemos em outros países, incluindo o Brasil, não há leis específicas no Japão que reconhecem casais do mesmo sexo, embora algumas cidades tenham começado recentemente a emitir “certificados de parceria”, como Shibuya, Setagaya (Tóquio), Iga (Mie), Takarazuka (Hyogo), Naha (Okinawa) e Sapporo (Hokkaido).
Embora os certificados não tenham poder legal, ou seja, não sejam um certificado de casamento genuíno, eles podem ajudar os casais do mesmo sexo a obterem apartamentos juntos ou em situações em que um hospital só permita a visita de familiares.
Segundo um relatório divulgado no dia 10 de agosto pela Nijiiro Diversity, uma organização sem fins lucrativos que luta pela igualdade de direitos das minorias sexuais no Japão, apenas cerca de 121 casais do mesmo sexo tem “certificados de parceria” em todo o Japão.
Uma lei aprovada em 2002, permite que os indivíduos transgêneros realizem a cirurgia de redesignação sexual. A discriminação com base na orientação sexual e na identidade de gênero é proibida em algumas cidades japonesas, embora não em todas.
Além disso, casais do mesmo sexo não podem adotar crianças legalmente no Japão, embora em abril deste ano (2017), Osaka tenha reconhecido oficialmente um casal homoafetivo como pais adotivos, tornando-se o primeiro caso desse tipo no Japão. No caso de casais lésbicas, elas ainda não tem o direito de engravidar por meio de uma inseminação artificial.
Como podemos perceber, muita coisa ainda precisa ser feita para garantir os direitos das pessoas que fazem parte do universo LGBT no país. Se você se interessa por esse tema, trouxemos 7 filmes japoneses relativamente atuais que exploram a diversidade sexual.
1. Love My Life (ラブ · マイライフ)
Love My Life (ラブ · マイイライフ) é um filme de 2006 baseado em um mangá com o mesmo nome. A história está centrado em torno de duas meninas, Ichiko e Eri, que decidem se tornar mais do que apenas amigas. Ichiko e Eri estão muito preocupadas com o futuro do relacionamento, pois acham que será muito difícil para suas famílias aceitá-lo.
Esta questão não se aplica à família de Ichiko, pois ao se abrir com seu pai, Ichiko surpreende-se ao saber que o próprio é gay e que sua falecida mãe era lésbica. O mesmo não acontece com a família de Eri, que tem uma relação difícil com o pai. Eri resolve então pedir um tempo para se dedicar aos estudos, mas Ichiko não consegue lidar com essa ruptura.
2. Udagawachou de Mattete Yo (宇田川町で待っててよ)
Udagawachou de Mattete Yo (宇田川町で待っててよ) que em português pode ser traduzido como “Espere por mim em Udagawachou” é um filme de 2015 baseado no mangá de mesmo nome do autor Hideyoshico. A história gira em torno de Momose Keigo e Yashiro Tomoya.
Na movimentada Shibya, Momose vê seu colega de escola Yashiro vestido de mullher. Momose continua a observar Yashiro e fica atraído por ele. No entanto, Yashiro fica envergonhado por Momose ter descoberto que ele se veste como uma menina, apesar de ser popular na escola.
3. Schoolgirl Complex (スクールガール · コンプレックス)
School Girl Complex Hōsōbu Hen (スクールガール · コンプレックス 放送部篇), ou simplesmente Schoolgirl Complex é um filme de 2013 foi baseado em um popular livro do fotógrafo Aoyama Yuki. Trata-se de uma história de amor criada na mente de uma menina chamada Manami, membro do clube de radio de uma escola secundária feminina.
Uma estudante misteriosa chamada Chiyuki é transferida para a escola e decide ajudar Manami a se preparar para o festival escolar. À medida que a graduação se aproxima, assim como o aumento do calor do verão, um sentimento estranho no coração de Manami começa a crescer, bem como uma tensão sexual entre as duas que não se pode explicar em palavras.
4. Doushitemo Furetakunai (どうしても触れたくない)
Doushitemo Furetakunai (どうしても触れたくない), com título em inglês No Touching at All (Não me toque totalmente) é um filme de 2014 que conta a história de um jovem chamado Toshiaki Shima, que está prestes a começar um novo emprego em uma grande empresa.
No primeiro dia de trabalho, Shima fica enojado ao encontrar um homem de ressaca no elevador. O que ele não sabe, é que esse é seu novo chefe, Togawa.
Apesar da primeira impressão negativa e dos modos aparentemente rudes de Togawa, Shima se vê secretamente atraído pela gentileza que Togawa esconde atrás de sua fachada.
Ambos carregam cicatrizes de um passado doloroso, mas ao contrário de Togawa, que é aberto em relação a seus sentimentos, Shima parece incapaz de seguir em frente. O filme foi baseado no manga BL (Boy’s Love) Doushitemo Furetakunai escrito por Kou Yoneda.
5. Karera ga honki de amu toki wa (彼らが本気で編むときは)
Karera ga honki de amu toki wa (彼らが本気で編むときは), com título em inglês “Close-Knit” é um filme mais recente da lista, lançado em fevereiro de 2017. A história gira em torno de uma garota chamada Tomo de 11 anos que vive com a mãe Hiromi (Mimura). Sua mãe resolve ir embora de casa e Tomo vai morar com seu tio Makio e sua namorada Rinko.
Mas a menina logo percebe que Rinko é, na realidade, uma mulher trans. Embora Tomo veja Rinko como um homem, ela fica surpresa com a habilidade de Rinko de cozinhar, bordar e fazer o cabelo. Tomo fica um pouco confusa com a situação, mas eles começam a viver como uma família. Logo muitas questões surgirão, com Tomo querendo encontrar respostas.
6. Docchi mo Docchi (どっちもどっち)
Docchi mo Docchi (どっちもどっち) é uma comédia romântica, baseada em um mangá, lançada em 2014. A história é protagonizada por Ozaki e Tsuburaya, dois homens que trabalham em um conceituado escritório e que são extremamente populares com as mulheres. Os dois acabam tornando-se rivais para disputar o primeiro lugar na empresa.
Os dois acabam se apaixonando um pelo outro. Quando os dois rivais descobrem que estão “se tornando” um casal, os dois começam a brigar para decidir quem terá a posição de poder dentro do relacionamento (trocando em miúdos, quem será seme e quem será uke).
No mundo do yaoi, “seme” seria o ativo da relação, e “uke”, o passivo. Seme é derivado do verbo japonês semeru (Atacar) e uke do verbo ukeru (Receber). Os termos são originados das artes marciais, e foram apropriados para o contexto sexual.
https://youtu.be/je8as6Z9z-4
7. Big Bang Love, Juvenile A (46億年の恋)
Big Bang Love, Juvenile A (46億年の恋) é um filme de 2006 dirigido pelo famoso diretor japonês Takashi Miike. É a história de um jovem chamado Jun que foi enviado à prisão por matar um cliente que o estuprou no bar gay onde ele trabalhava.
Depois que ele chegou à prisão, conheceu Shiro, um homem com uma tatuagem estranha no meio das costas. Embora todos tenham medo de Shiro, por ser perigoso, Jun é fascinado por ele por razões que não podem ser descritas com palavras. Seu caso de amor começa a florescer, até a morte misteriosa de Shiro, que é investigada durante todo o filme.