Nobuyuki Tsujii: “O piano é uma extensão do meu próprio corpo”
Nobuyuki Tsujii (辻井伸行) é um pianista clássico e compositor japonês, hoje com 29 anos de idade. Ele nasceu em Tóquio, no dia 13 de setembro de 1988, com um transtorno do desenvolvimento dos olhos, a microftalmia, que o deixou completamente cego. No entanto, a deficiência visual não ofuscou seu incrível e precoce talento para a música.
Aos dois anos, Tsujii surpreendeu seus pais Takashi e Itsuko, ao tocar a canção “Do Re Mi” em um piano de brinquedo, depois de ouvir sua mãe cantarolando a melodia. Veja o vídeo:
https://youtu.be/KKDdK7LucXA
Aos quatro anos de idade, Nobuyuki Tsujii passou a ter aulas de piano. Em 1995, aos sete anos de idade, Tsujii ganhou o primeiro prêmio na “All Japan Music of Blind Students” pela Tokyo Helen Keller Association. Em 1998, aos dez anos, estreou com a Century Orchestra, Osaka. Seu primeiro recital de piano foi no pequeno salão de Suntory Hall de Tóquio aos 12 anos.
Abaixo, você pode ver o vídeo onde o pequeno Tsujii está com seu professor de piano que o acompanhou por muitos anos, o Sr. Masahiro. Na ocasião, Tsujii tinha 11 anos de idade.
https://youtu.be/PQFxZL_WGYg
Posteriormente, ele fez sua estréia no exterior com performances nos Estados Unidos, França e Rússia. Em outubro de 2005, aos 17 anos, ele recebeu o Prêmio Crítico no 15º Concurso Internacional de Piano Frédéric Chopin realizado em Varsóvia, na Polônia.
Em abril de 2007, entrou na Universidade Ueno Gakuen, formando-se em março de 2011. Em 2009, aos 21 anos, Nobuyuki Tsujii ficou em primeiro lugar, ao lado de Haochen Zhang na “Van Cliburn International Piano Competition” realizada no Texas (EUA).
Ele também recebeu o Prêmio Beverley Taylor Smith pelo melhor desempenho. Ele é o primeiro japonês a ganhar este prêmio internacional. Ao tocar Chopin, Nobuyuki Tsujii emocionou, levando literalmente o público, os jurados e os integrantes da orquestra, às lágrimas.
Isso pode ser notado no documentário de Peter Rosen “A Surprise in Texas”. O documentário abordou a competição Van Cliburn de 2009 e foi transmitida na TV PBS em 2010. Isso fez com que a fama de Nobuyuki disparasse no Japão e se tornasse uma sensação mundial.
Após vencer a competição, Nobuyuki fez uma turnê em todo o mundo para realizar concertos, culminando em um recital de estréia no Carnegie Hall, em novembro de 2011. Ele também é compositor. Aos 12 anos, ele interpretou sua composição “Street Corner of Vienna”.
Ele já lançou vários álbuns de suas próprias composições, muitas usadas em trilhas sonoras em filmes, séries de TV e exposições em museus. Em 2011, Nobuyuki foi premiado no Grande Prêmio dos Críticos de Cinema do Japão. Ele também compôs músicas para as vítimas do terremoto e tsunami de 11 de março de 2011 e chegou a visitar os locais do desastre.
Nobuyuki Tsujii enxerga com o coração
Segundo Van Cliburn, pianista conhecido por ter vencido o Concurso Tchaikovski em 1958 em Moscou, no auge da Guerra Fria: “Milagre é a única palavra para descrevê-lo. Nobuyuki é efetivamente um ato de Deus. Sua performance é divina e tem o poder da cura”.
Embora seja cego desde o nascimento, Nobuyuki tornou-se um compositor e um intérprete excepcional. A magia de está no seu coração, e não nos olhos. A cegueira não impede este fabuloso artista “enxergar” o público quando ele entra em uma sala de concertos.
O cineasta Peter Rosen, que filmou o documentário “Surprise in Texas”, ficou intrigado ao saber que o jovem pianista tem sua própria maneira de enxergar a vida, apesar de ser cego. “Ele tem uma audição bastante aguçada e isso o ajuda a imaginar como são as coisas”.
“Ele pode entrar em uma sala de concertos, saber o quão grande é, de que forma é, quantos assentos há, apenas pelo jeito que ouve as coisas. Ele pode perceber o mundo da forma como sua imaginação permitir. Não é a toa que este jovem é considerado um herói no Japão”.
https://youtu.be/LPFOF102CEQ
Nobuyuki é capaz de tocar qualquer tipo de repertório clássico, incluindo sonetos desafiadores de compositores como Rachmaninoff. Sua interpretação é tão sensível que é difícil as pessoas não se emocionarem. No documentário, Rosen apresenta o pianista como uma inspiração para que outras pessoas com deficiência nunca deixem de lutar pelos seus sonhos.
John Giordano, maestro de uma Orquestra Sinfônica e presidente do júri durante a competição Cliburn, disse em 2010: “Ele é incrível. Nós fechamos os olhos e é tão fenomenal que é difícil segurar as lágrimas. Nobu tocou a “Hammerklavier” Sonata No. 29 de Beethoven, que tem duração de uma hora, sem falhar uma única vez. Qualquer um que fizer esse feito já é extraordinário, agora imagine alguém cego que aprendeu de ouvido! É surreal”.
Ele tem uma legião de fãs que carinhosamente o chamam de “Nobu”. Suas apresentações em grandes arenas sempre estão lotadas. E pra quem não pode assistir a um dos seus concertos, tem a possibilidade de ver algumas de suas performances disponíveis na internet.
Assim que descobriram o precoce talento do filho, seus pais incentivaram-no o máximo que puderam. Com certeza isso contribuiu para que este artista pudesse transcender a música e passar para a humanidade uma lição muito bacana sobre esperança e superação.