Um trabalhador japonês, de 64 anos de idade, foi multado por sair três minutos mais cedo para comprar almoço. O funcionário de um escritório público da cidade de Kobe teve metade do seu pagamento diário cortado pela conduta “profundamente lamentável” e também recebeu uma repreensão por parte dos chefes.
O alerta foi dado por uma dos chefes do departamento que “olhou pela janela do escritório e viu o trabalhador sair do edifício e entrar em restaurante” três minutos antes do meio-dia, segundo o site japonês Sora News 24.
“A pausa para o almoço é do meio-dia às 13h. Ele saiu da sua mesa de trabalho antes do intervalo, violando uma lei de serviço público que exige que os funcionários ‘se concentrem em seus empregos’”, disse um porta-voz da empresa pública.
Descobriu-se depois que o homem saiu três minutos mais cedo em 26 ocasiões diferentes, ao longo de sete meses, para poder ir comprar comida.
Os representantes da empresa estatal marcaram uma conferência de imprensa para falar sobre o “escândalo”. Eles pediram desculpa pelo “imensamente lamentável” comportamento do trabalhador e curvaram-se em frente aos jornalistas como remorso.
O funcionário não identificado teria dito que saiu do escritório cedo para comprar o almoço porque precisava de uma “mudança de ritmo” em sua rotina.
Ainda segundo a reportagem do The Guardian , a cidade de Kobe recentemente suspendeu outro funcionário por um mês porque ele se ausentou por 55 minutos do trabalho em um período de seis meses.
Realidade trabalhista no Japão
O incidente foi noticiado pela mídia local após a aprovação, em maio, de uma nova legislação a respeito da punitiva e longa jornada de trabalho do país.
O congresso japonês aprovou uma lei limitando as horas extras em resposta a um aumento no número de empregados que morreram por “karoshi”, termo usado para mortes causadas por excesso de trabalho, em que a pessoa fica esgotada de cansaço.
A aprovação aconteceu após um trágico episódio do país, em que Matsuri Takahashi, de apenas 24 anos, cometeu suicídio em 2015, após ser forçada a trabalhar longos períodos de trabalho, incluindo finais de semana.
Segundo o The Guardian , o caso da jovem desencadeou uma grande mobilização pública contra uma cultura do Japão , que, muitas vezes, força os funcionários a trabalharem longos períodos para demonstrarem sua dedicação ao serviço. O governo se viu obrigado a intervir nas relações trabalhistas entre empregados e empresa.