O Ministério da Justiça do Japão informou no dia 30 de março de 2018 que os descendentes japoneses da quarta geração (yonseis) poderão trabalhar no Japão por até cinco anos através de um programa de vistos preferenciais a ser apresentado neste verão.
O programa se aplica aos descendentes de japoneses, mas com alguns requisitos necessários para a concessão do visto, tais como:
Idade entre 18 a 30 anos;
Possuir conhecimento básico da língua japonesa equivalentes ao nível N4 do Teste de Proficiência em Língua Japonesa;
Ter o apoio de algum residente no Japão, tais como familiares ou empregadores, e que mantenha o contato com eles pelo menos uma vez por mês.
Muitos dos candidatos que desejam obter o visto são pessoas que passaram a infância no Japão com seus pais, mas devido a crise de 2008 seus pais acabaram perdendo o emprego e muitos retornaram ao Brasil com a família.
Porém, os filhos maiores da quarta geração não conseguem obter o mesmos vistos concedidos aos descendentes de segunda e terceira geração, e são obrigados a cumprir certas exigências para obter o visto, como ser solteiro e morar com os pais, mas não podem trabalhar em período integral.
“A porta foi fechada para pessoas da quarta geração. Então, definitivamente há pessoas que realmente precisam do novo programa ”, disse Angelo Ishi (sansei brasileiro) do departamento de sociologia da Universidade Musashi no Japão.
O novo programa começa em 1º de julho, e o Ministério da Justiça permitirá a entrada anual de até 4 mil descendentes de imigrantes japoneses vindos em sua maioria do Brasil e Peru. Sob o novo sistema, os menores poderão trabalhar.
Segundo o ministério o novo sistema não visa aliviar a escassez de mão-de-obra no Japão, mas “estimular as pessoas das comunidades de descendentes de japoneses no exterior a virem ao Japão”.
Os críticos são céticos. Eles dizem que os novos imigrantes poderiam ser usados como mão-de-obra barata em fábricas ou na construção civil que tem extrema necessidade de mão-de-obra, especialmente antes das Olimpíadas de Tóquio, em 2020.
“Acredito que uma das razões por trás da mudança tem a ver com as Olimpíadas”, disse Kiyoto Tanno, professor da Universidade Metropolitana de Tóquio, especialista em questões trabalhistas estrangeiras. “Mas essa demanda pode desaparecer. É por isso que, eu acho, o ministério determinou o número de anos ”.
A demanda por trabalhadores nipo-brasileiros tem realmente crescido nos últimos anos, particularmente no setor de manufatura, de acordo com Takaharu Hayashi, presidente da Avance Corp., uma agência de pessoal que atende a descendentes de japoneses na província de Aichi.
Quando a economia cai, os trabalhadores temporários nipo-brasileiros são os primeiros a serem demitidos, é exatamente o que aconteceu durante a crise de 2008, disse Hayashi, que administra seus negócios há mais de 30 anos.
O Japão viu um enorme afluxo de nipo-brasileiros após a revisão das leis de imigração em 1990, que concedia aos descendentes de segunda e terceira geração o direito de trabalhar com status de tempo integral e visto de longa duração.
O número de nipo-brasileiros cresceu de forma constante para um recorde de 310.358 em 2007, antes de o governo lhes oferecer incentivos para serem repatriados durante a crise financeira. Em 2016, o número ficou em 176.391, segundo o ministério.
Hayashi, da Avance, disse que já recebeu muitas perguntas sobre o programa de nipo-brasileiros de quarta geração.
“Muitos querem vir ao Japão … Podemos facilmente encontrar pelo menos 500 ou 600 pessoas”, disse ele.