Uma pesquisa realizada pelo jornal japonês Mainichi revelou que quase metade das empresas no Japão apoiam a entrada de mais trabalhadores estrangeiros, em vista de que o país enfrenta uma tétrica e crescente escassez de mão de obra em meio ao rápido envelhecimento populacional e baixíssimo índice de natalidade.
Realizada no início de outubro, a pesquisa entrevistou 1.005 empresas em áreas onde o Japão tem enfrentando maior escassez de trabalhadores.
Do total pesquisado, 47% disseram que apoiam a ideia do Governo em facilitar a entrada de mão de obra estrangeira, bem como aumentar o tempo de permanência dos mesmos no país.
Por outro lado, aqueles que são contra a ideia representou 32% do total entrevistado, enquanto 22% optaram por não responder à pergunta, cujo processo foi por meio de ligação telefônica.
A pesquisa acontece num momento em que o Governo japonês planeja criar um novo status de visto para trabalhadores estrangeiros a partir do próximo ano.
As opiniões estavam divididas quanto a permitir ou não que esses estrangeiros ficassem no Japão por um período ilimitado de tempo.
Enquanto 40% apoiaram a ideia de um limite de tempo irrestrito, 38% foram contra. Já os 21% restantes não responderam.
Entre aqueles que são a favor de mais trabalhadores estrangeiros em setores como construção e cuidados a idosos, 63% apoiaram permanência ilimitada, enquanto 32% desaprovaram tal opção. Os números foram invertidos entre aqueles contra a expansão da aceitação de trabalhadores estrangeiros, com 28% para permanência ilimitada e 67% contra.
Visto para yonsei
Uma reformulação na Lei de Imigração do Japão, que entrou em vigor em julho deste ano, criou uma nova modalidade de visto para yonsei (descendente de japoneses em sua quarta geração).
Porém, as exigências impostas pelo Governo para conceder o visto aos yonseis são bem extensas, maiores que as estimadas pela comunidade brasileira.
O processo para obter o novo visto é tão complexo que, desde que entrou em vigor, apenas dois yonseis entraram no Japão, segundo a emissora pública “NHK”.
Entre as exigências estão o conhecimento do idioma japonês superior a 30% e ter idade máxima 30 anos até o momento em que fizer o pedido do visto.
Além disso, o visto concedido aos descendentes de quarta geração é para “atividades específicas” e tem que ser renovado após seis meses de estadia e depois anualmente, enquanto a permanência máxima é de 5 anos.
Outra restrição considerada “cruel” é a impossibilidade de estender o visto de yonsei para familiares (cônjuge e filhos).
Porém, a nova concessão de entrada aos yonseis no Japão pode ser considerada como um primeiro passo de abertura para a quarta geração em um país notório pela xenofobia.