Um campeonato em pontos corridos é uma maratona, e o Kawasaki Frontale corria sozinho na reta final. Se olhasse para trás, veria seu concorrente mais próximo, o Sanfrecce Hiroshima, sem fôlego e extasiado. O atual campeão da J-League conquistaria o bi com duas rodadas de antecedência se vencesse fora de casa o Cerezo Osaka. Ou até com um empate ou uma derrota, se o Hiroshima também tropeçasse. Por volta de cinco mil torcedores viajaram de Kanagawa até Osaka na expectativa de ver de perto o que seria apenas o segundo grande título da história do clube fundado em 1997, inspirado no Grêmio e, na época, com emblema e uniforme idênticos ao Tricolor Gaúcho.
Apesar de não ter feito boa partida, o título antecipado do Frontale quase não foi ameaçado. Afinal, o Hiroshima não fez sua parte e sofreu a quinta derrota seguida ao perder em casa para o décimo colocado Vegalta Sendai por 1×0 – gol de Naoki Ishihara, ex-jogador do Sanfrecce. Dá até para dizer que o gol de Ishihara foi o do título do Kawasaki. Com o Sanfrecce perdendo, o Golfinho seria campeão com qualquer placar. E o Cerezo ia vencendo com um gol de Kenyu Sugimoto, ex-jogador do Frontale. No entanto, aos 90′ o substituto Kei Chinen foi derrubado na área pelo goleiro Kim Jin-hyeon. Pênalti que Ienaga, candidato a MVP do campeonato, cobrou bem e marcou o gol que deu a certeza de títulos aos torcedores.
No último minuto, Yamamura surpreendeu e deu a vitória ao Cerezo por 2×1, o que não estragou a festa dos visitantes. Apesar de ter perdido uma invencibilidade de sete jogos, o Kawasaki sagrou-se campeão. Desde a conquista do Sanfrecce Hiroshima em 2012, um título da J1 não era decidido de forma antecipada. Coube ao zagueiro Shogo Taniguchi a honra de levantar o troféu primeiro (foto acima), já que o capitão Yu Kobayashi estava lesionado e só assistiu ao jogo das tribunas.
Momento marcante também para o brasileiro Elsinho, que está no Frontale desde 2015. “Conquistar esse bicampeonato com o Frontale foi uma das maiores emoções da minha carreira. Tivemos um ano muito intenso, com diversas competições e mantivemos um nível alto na J-League, que era uma das nossas prioridades. A intensidade contou bastante durante todo o campeonato. O grupo fez por merecer essa conquista. O clube merecia muito também. Todos estão de parabéns por toda a luta durante a competição”, declarou o lateral direito, que no Brasil defendeu Figueirense, Vasco e América-MG antes de partir para o Oriente.
“O diferencial do nosso elenco foi a base que ficou do ano passado, que já havia conquistado a J-League. Sem dúvida isso contou bastante. Deu confiança ao grupo, que já se conhecia. A regularidade também foi um fator importante para alcançarmos essa meta. Não diminuímos o ritmo em momento algum. Essa temporada para mim foi uma das melhores da minha carreira. Não só nos números, mas na regularidade também. Desde a pré-temporada já estava projetando ter uma temporada assim. Estou muito feliz com tudo que aconteceu comigo individualmente. Fico feliz em poder terminar esse bom ano que tive ajudando o clube a conquistar o título da J-League. Não poderia encerrar 2018 de outro jeito”, comemorou Elsinho.
– O Sanfrecce Hiroshima, com 56 pontos, ainda não garantiu nem a vaga na Liga dos Campeões da Ásia. Kashima Antlers (52), Consadole Sapporo (51), FC Tokyo (50), Urawa Reds (48), Shimizu S-Pulse (47) e Cerezo Osaka (47) disputam as duas vagas restantes no G-3.
– Gamba Osaka (45) e Vegalta Sendai (45) já estão matematicamente a salvo do rebaixamento.
– Yokohama F-Marinos (41), Vissel Kobe (41) e Júbilo Iwata (41) já estão matematicamente livres do rebaixamento automático; ainda há a possibilidade de terminarem em 16º e disputarem os playoffs.
– Shonan Bellmare (37) e Sagan Tosu (37) estão na beira do Z-3, enquanto o Nagoya Grampus (37) iria hoje para o playoff contra o vencedor do mata-mata entre o terceiro, quarto, quinto e sexto colocados da J2.
– O Kashiwa Reysol (33) está a um passo do rebaixamento e anunciou hoje a demissão do técnico Nozomu Kato; o auxiliar Ken Iwase assume o time nos dois jogos restantes.
– O V-Varen Nagasaki (29) só pode terminar no máximo em 17º. Mas ainda não está matematicamente rebaixado, pois existe a chance do Machida Zelvia, que não tem a licença da J1, terminar entre os dois primeiros na J2. Nesse caso, só o 18º na J1 cairia automaticamente, enquanto o 17º ainda poderia se salvar no playoff.