Sem dar entrevistas para imprensa estrangeira desde 2015, o fundador da Huawei Ren Zhengfei quebrou o silêncio para defender a sua empresa. Em conversa com Bloomberg, ele afirmou que a sua empresa não realiza espionagens para o governo chinês e que sequer tem contato próximo com Pequim.
“Eu amo o meu país, apoio o Partido Comunista, mas não farei nada para ameaçar o mundo”, afirmou o bilionário chinês de 74 anos. “Não vejo uma conexão próxima entre as minhas crenças políticas pessoais e os negócios da Huawei”, complementou.
Na entrevista, apenas a terceira em toda a sua vida para um veículo não chinês, Zhengfei minimizou o papel da sua companhia no conflito comercial que se deflagra entre China e Estados Unidos, chamou Donald Trump de “um grande presidente” e clamou por um bom tratamento no país norte-americano.
“A Huawei é apenas uma semente de gergelim no conflito comercial entre China e os EUA”, comentou. “Trump é um grande presidente. Ele fala em cortes massivos de impostos, o que vai beneficiar os negócios. Mas é preciso tratar bem companhias e países para que eles estejam dispostos a investir nos EUA e o governo possa coletar impostos suficientes.”
A entrevista de Ren Zhengfei vem na esteira da ameaça de extradição de sua filha mais velha e diretora financeira da Huawei Meng Wanzhou. Ela foi detida no Canadá no início de dezembro a pedido de autoridades estadunidenses e acusada de fazer negócios com o Irã, país que sofre sanções econômicas por parte dos EUA. Wanzhou foi libertada dias depois após pagamento de fiança, mas ainda não pode deixar o país.