A aceitação e o controle de nossas emoções perturbadoras é a chave para o bem-estar emocional.
Uma das maiores dificuldades da humanidade é a capacidade de autodomínio, isto é, a habilidade de ter controle sobre nossas emoções e atitudes, sem nos colocar constantemente em situações de desgraça que trazem transtornos para nossa vida.
Desde os tempos de Platão, louvava-se a capacidade de não ser um mero “escravo da paixão” e ter atenção e inteligência na condução das próprias emoções.
O objetivo dessa atenção para com nossas emoções tem como foco estabelecer o equilíbrio e não eliminar totalmente determinada emoção. Tal ato seria até impossível, visto que todas as emoções existem para um fim, e a negação de algumas podem nos tornar ainda mais escravos delas. Já dizia Carl Gustav Jung, que “aquilo que negas, te subordina.
O que aceitas, te transforma.” A aceitação e o controle de nossas emoções perturbadoras é a chave para o bem-estar emocional.
O primeiro passo a ser dado é reconhecer o tipo de emoção que sentimos, de onde veio e porque veio. Tentar perceber se já sentiu algo parecido antes, se há um hábito de sentir determinadas emoções constantemente. Independentemente da situação que pareça ser o motivo do surgimento de tal emoção, sempre há pensamentos que a alimentam.
Entenda que nós temos o poder sobre o que pensamos e sentimos e podemos mudar isso quando quisermos.
Geralmente, as emoções são frutos de pensamentos gerados em determinadas situações e, quando elas são repetitivas, são impulsionadas por memórias de vivências passadas, transformando-se em hábitos. Entenda melhor:
Primeiro temos uma situação problema, que gera um pensamento. Em seguida, em ressonância com o pensamento, surge a emoção ou sentimento. Depois, vem uma ação impulsionada pelo que estamos sentindo. Essa ação pode virar um hábito, quando repetida muitas vezes, transformando-se em um comportamento corriqueiro, porém tóxico, em casos negativos.
Podemos perceber melhor esse esquema mental quando sentimos raiva, por exemplo. Um acontecimento desagradável ocorre e rapidamente o cérebro reconhece como uma situação de perigo ou ameaça à sua dignidade. Os pensamentos surgem, o coração acelera, a raiva emerge, e imediatamente você age gritando e/ou agredindo fisicamente uma pessoa. Desta forma, podemos entender que o tipo de pensamentos que cultivamos contribui para manter certos estados emocionais. Parece incontrolável!
Mas há uma maneira de desarmar o trem de pensamentos furiosos que alimenta estados negativos: reconhecer e destruir convicções que mantêm o fogo da raiva acesa, parar de ruminar pensamentos repetitivos e alimentadores, como aqueles “bons motivos” que encontramos para justificar um estado emocional. Destrua suas autojustificações!
Nas palavras de Daniel Goleman, “as depressões, como as euforias, temperam a vida, mas precisam ser equilibradas”.
Dentro da montanha russa das emoções, não é preciso evitar emoções desagradáveis só para nos sentirmos mais satisfeitos. É preciso, porém, que nos mantenhamos atentos para não permitirmos que estas se sobreponham às emoções agradáveis. Essa é a base para a inteligência emocional. Com muita auto-observação, poderemos perceber os diversos estados de espírito que sentimos em um só dia e ficarmos atentos a quais desses estados são predominantes. Ao percebermos um estado emocional negativo predominante, como tristeza, angústia, raiva, ansiedade, devemos olhar essas emoções com paciência, acolhê-las e, dessa forma, tentar ver quais tipos de pensamentos alimentam tais estados, quais os padrões de comportamento você usa para sustentá-los.
Qual a justificativa que você se dá para continuar sentindo aquilo? Ao chegar em alguma conclusão, decididamente, busque em você pensamentos que lhe façam bem, faça uma coisa que você goste, leia um livro, ouça uma música legal, medite, caminhe na natureza, tome um café, converse com um amigo.
Experimente ser capaz de se tranquilizar, de proporcionar a si mesmo o bem-estar emocional de que tanto precisa.
Lembre-se de que estar atento aos seus processos internos é essencial, e ter autonomia para decidir como você quer viver os seus dias é fundamental.
Em casos mais extremos, não hesite em procurar um terapeuta que possa ajudar. Às vezes, uma orientação de um bom profissional é fundamental para o processo de reequilíbrio.