O presidente do Comitê Olímpico do Japão, Tsunekazu Takeda, anunciou que deixará o posto no final de seu mandato, dentro de alguns meses. A decisão foi tomada enquanto ele enfrenta uma investigação por corrupção, na França, sobre a escolha de Tóquio como sede da Olimpíada de 2020.
O dirigente se declarou inocente, mas as acusações que recaem sobre ele geraram escândalos quanto aos jogos, e causaram abalo ainda maior na credibilidade do processo de seleção de sedes olímpicas, manchando de certa forma um evento que o governo japonês esperava promover como mostra da recuperação do país depois de décadas de estagnação econômica, de terremotos e do desastre nuclear de 2011.
Em entrevista coletiva, na capital do Japão, Takeda enfatizou que planejava renunciar no final de junho, ao final de seu 10º mandato como presidente do Comitê Olímpico do país, para abrir caminho a uma nova geração de dirigentes esportivos. Além da presidência, também renunciará ao seu cargo no Comitê Olímpico Internacional (COI).
Durante sua fala disse que é muito doloroso pensar que causou tamanho furor na sociedade, acrescentou que nada fez de errado e, no futuro, irá se esforçar para provar sua inocência.
Em dezembro, investigadores franceses indiciaram Takeda — antigo atleta olímpico de hipismo e presidente da comissão de marketing do COI— após uma investigação criminal sobre a concorrência para a sede olímpica, que Tóquio venceu em uma reunião da entidade realizada em 2013, em Buenos Aires.
Takeda afirmou ter sido questionado pelas autoridades francesas, mas negou todas acusações.
Procuradores públicos do país europeu suspeitam que a disputa que resultou na vitória de Tóquio tenha sido irregular. Eles indicam que dirigentes dos comitês organizadores das cidades candidatas pagaram propinas a membros africanos do COI a fim de obter apoio.
Os pagamentos foram identificados em uma ação contra Papa Massata Diack, ex-executivo de marketing da Associação Internacional de Federações de Atletismo.
As autoridades francesas já haviam solicitado anteriormente a extradição de Diack ao seu país, o Senegal, sob acusações de que ele havia ajudado a manipular a seleção do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016.
Diack se defende alegando que o racismo e o ciúme são as causas dos ataques.
Os franceses afirmaram que membros do comitê organizador da candidatura de Tóquio fizeram pagamentos de mais de 2 milhões de dólares à Black Tidings, uma empresa de Cingapura dirigida por um amigo muito próximo de Diack.
A cidade japonesa derrotou Madri e Istambul, para sediar os jogos de 2020.