Depois que as bombas atômicas foram lançadas em Hiroshima e Nagasaki, havia rumores de que nenhuma planta nasceria ali por aproximadamente 75 anos. Com a explosão, o solo ficou carbonizado e nenhuma árvore nas imediações do hipocentro sobreviveu. Havia apenas algumas estruturas que ainda estavam em pé por terem sido construídos para resistir aos terremotos.
Porém, algo inesperado aconteceu. Na primavera seguinte, grama e plantas começaram a nascer nos escombros das cidades. Isso foi considerado um verdadeiro milagre e encheu o coração dos Hibakusha de esperança. Muitos relatam que o renascimento dessas plantas deram força para que eles reconstruíssem as cidades destruídas, como Fênix, que renasce das cinzas.
Essas árvores que milagrosamente renasceram pouco tempo após a tragédia, mesmo em um solo estéril e coberto por radioatividade, receberam um nome especial: Hibaku Jumoku 被爆樹木 (Árvores sobreviventes da bomba atômica).
Elas são um exemplo de como a Natureza é capaz de vencer obstáculos, por mais intransponíveis que possam parecer, e surpreender até os mais incrédulos.
Hoje, quase sete décadas depois da bomba atômica, Hiroshima é uma cidade moderna e ao mesmo tempo cercada por muito verde.
Muitas das árvores que foram plantadas na cidade depois da guerra, foram doadas por pessoas de outros locais do Japão e do mundo inteiro. Mas existem dezenas de árvores que sobreviveram a partir de suas raízes que germinaram espontaneamente.
Existem cerca de 75 árvores sobreviventes (Hibaku Jumoku) de 32 espécies diferentes em 50 locais dentro de um raio de dois quilômetros do hipocentro. Cada uma delas possui uma placa com a identificação.
Você pode conferir a lista completa, assim como dados sobre a localização e a espécie neste site aqui.
As árvores sobreviventes estão localizadas em locais públicos, templos e santuários, e estão sob os cuidados da prefeitura de Hiroshima. Essas árvores, chamadas também de A-Bomb Tree, representam a vida e a esperança, e por causa disso, muitos turistas japoneses e estrangeiros levam mudas e sementes para serem plantadas em outras cidades e em outras partes do mundo.
Exemplos de Hibaku Jumoku
A sobrevivente mais próxima de onde caiu a bomba é uma Árvore do Céu (Ailanthus altissima), a 350 metros de distância da explosão. Não se trata da árvore original, pois esta foi destruída pela bomba, mas como suas raízes sobreviveram, ela pode germinar novamente. No local era uma escola chamada Honkawa Elementary School e todos que estavam lá morreram.
A segunda árvore mais próxima do hipocentro (a 370 metros) é um salgueiro. Fica localizado perto do Seishonen e da ponte Aioi-bashi (em forma de T).
A terceira árvore mais próxima do epicentro é da espécie Kurogane Holly, localizado a 410 metros do epicentro, em um jardim em frente a um museu, que antes era a casa do escritor Rai Sanyo, onde ele viveu por 5 anos e onde começou a escrever a obra “Nihongaishi” (história geral do Japão).
A quarta árvore mais próxima do epicentro é outro salgueiro (Weeping Willow), localizado a 450 metros de onde a bomba caiu. Fica bem na entrada do Children’s Science Museum, perto Seishonen e do Estádio de Beisebol.
Esses são apenas alguns exemplos de Hibaku Jumoku (Árvores Sobreviventes da Bomba Atômica). O fato de terem sobrevivido estando tão próximas do epicentro pode ser visto realmente como um milagre, já que tudo nessa área, incluindo vidas humanas, foi reduzido a pó em questões de segundos.
A temperatura do solo chegou a 5 mil graus centígrados, sem contar na chuva negra radioativa que contaminou o solo e tudo que havia sobre ele. Essas árvores representam as lembranças de uma tragédia, a força da superação e também a esperança por um mundo melhor. São também a prova viva de que nem a pior das armas dos homens pode vencer a força da Natureza.
Fonte: Japão em Foco