Em casa, na companhia dos amigos mais próximos e de pessoas com quem se tem intimidade, você se solta, conta piadas, interage, discute, faz críticas. No ambiente de trabalho, porém, assim como na sala de aula ou em um evento onde você não conhece ninguém, suas habilidades comunicativas parecem descer pelo ralo, e você se sente a pessoa menos interessante do ambiente.
Se a descrição acima combina com a sua vida, é bem provável que, em termos de comportamento, você não tenha muitas habilidades de interação social. Talvez você não saiba, mas essa dificuldade pode ter explicações além da Psicologia: é bem possível que essa seja uma questão relacionada com o seu sistema imunológico.
Ainda que uma coisa pareça não ter muito a ver com a outra, um estudo recente, conduzido pelo departamento de Medicina da Universidade de Massachusetts e pela Universidade de Virgínia, avaliou como alterações no sistema imunológico poderiam interferir no desempenho social de alguns ratos de laboratório.
Ciência maluca
Para isso, foram manipuladas substâncias do sistema imunológico conhecidas como interferão-gama, que são liberadas por nossas células linfáticas em resposta a algum agente patogênico, ou seja: qualquer organismo microscópico que, uma vez inserido em nosso corpo, pode provocar infecções.
Quando essas moléculas deixaram de funcionar nos ratinhos, eles se tornaram mais hiperativos e perderam o interesse em interagir com os outros ratos. Porém, quando essas moléculas voltaram a funcionar normalmente, os ratinhos começaram a ter cada vez mais interesse em socializar com os outros ratinhos.
Para os responsáveis pelo estudo, isso pode ter relação com a teoria evolutiva, uma vez que a sobrevivência dos seres humanos depende diretamente das relações sociais que mantemos – por causa disso, faz sentido que nosso corpo aumente nossa resposta imune quando socializamos mais, a fim de nos proteger.
Tudo está relacionado
Já se sabe que a saúde mental de uma pessoa interfere na saúde física dela – só para você ter ideia, tanto o isolamento social quanto a depressão estão diretamente ligados ao surgimento de doenças crônicas; por outro lado, já é comprovado que pessoas felizes têm melhores condições gerais de saúde.
Esse estudo pode abrir novos caminhos em termos de pesquisa sobre a relação entre nosso interesse por interação social e o funcionamento do nosso sistema imunológico, cuja função principal é proteger nosso corpo contra doenças e a invasão de organismos que possam causar essas doenças.
Se você se encaixa no perfil descrito no primeiro parágrafo desse texto, talvez precise melhorar o funcionamento do seu sistema imunológico – além de procurar ajuda médica em casos mais graves, nosso sistema de defesa pode ser aperfeiçoado por meio da alimentação: aposte em alimentos como o alho, a cúrcuma, o iogurte, a abóbora, as sementes de girassol, a salsinha e frutas e verduras de modo geral. O que sempre ajuda, é claro, é também praticar atividades físicas, consumir álcool com moderação, beber água e dormir bem.