No ano passado, foi divulgado que a Universidade de Medicina de Tóquio, no Japão, havia alterado, por mais de uma década, testes de candidatas para que a instituição aprovasse mais homens no vestibular. Após as denúncias – e o término da fraude – as mulheres estão apresentando resultados melhores do que os homens.
A manipulação ocorria porque os líderes da faculdade acreditavam que as alunas, se casassem e tivessem filhos, seriam menos capazes de realizar turnos de emergência nos hospitais. Inclusive, um funcionário anônimo da universidade chegou a descrever a situação como “um mal necessário”.
Investigações apontaram que a fraude resultou na rejeição de 69 candidatos que haviam passado nos testes nos últimos dois anos, sendo 55 mulheres.
Para o ano letivo de 2019, 20,2% das candidatas passaram no exame de admissão, em comparação com 19,8% de homens, segundo o jornal Japan Times, que reportou números divulgados pela própria instituição na segunda-feira (20).
Em 2018, a taxa de aceitação para as mulheres foi de 2,9% e para os homens foi de 9%. A escola explicou que o salto para ambos os gêneros ocorreu por conta das mudanças nos exames implantadas pela nova gestão da faculdade. O jornal Asahi Shimbun indicou que a proporção de mulheres que passaram nos testes é 4,5% maior do que a taxa para homens.
A Universidade de Medicina de Tóquio não foi a única que se envolveu na prática. O Asahitambém descobriu que exames mais justos em outras 78 escolas de medicina levaram a um estreitamento nas taxas de aceitação entre candidaturas masculinas e femininas em 2019.
A Universidade Juntendo, entidade particular em Tóquio, afirmou em dezembro passado que havia falhado com 165 pessoas que fizeram o vestibular de 2017 e de 2018 – erro que afetou principalmente mulheres, mas também homens.
A instituição declarou que fraudou as pontuações porque as mulheres eram mais maduras em comparação com os homens, e tinham melhores habilidades de comunicação. Com isso, elas tendiam a ter desempenho melhor na entrevista do processo de inscrição. Por isso, seria necessário ajustar os resultados para compensar esse déficit dos candidatos masculinos. Além disso, a Juntendo não teria moradia estudantil suficiente para as alunas.
O Japão tem a menor proporção de mulheres médicas entre os países ricos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): elas são apenas 21% dos profissionais de saúde.