Não é surpresa para ninguém o fato de que o Japão possui um dos sistemas ferroviários mais movimentados e eficientes de todo o mundo, o que de certo modo não deixa de chamar a atenção, já que o alto volume de passageiros e a eficiência nem sempre andam de mãos dadas. O mais curioso disso tudo é que essa eficiência japonesa é alcançada de algumas maneiras que você nem imagina, já que as empresas ferroviárias japonesas empregam uma grande variedade de táticas inusitadas para manter as coisas funcionando sem problemas.
Para você entender melhor como funciona a eficiência do sistema ferroviário japonês, listamos aqui algumas características surpreendentes que muita gente desconhece. Seja empresas ferroviárias que cobram parentes de vítimas de suicídio ou trens que latem como cães, aqui estão alguns fatos surpreendentes sobre o sistema ferroviário do Japão. Confira!
5. Dormir nos trens japoneses é algo absolutamente comum
As pessoas de qualquer outra parte do mundo podem se surpreender facilmente com a rapidez com a qual os japoneses caem no sono em pleno transporte público. De fato, eles são capazes de dormir em praticamente todos os lugares possíveis, até mesmo em pé! Para se ter uma ideia, isso é algo tão comum que eles até têm um nome para essa técnica de descanso pra lá de inusitada: “inemuri”, que significa algo com “dormindo enquanto se está presente”.
Vale destacar que dormir em público (seja em trens ou em outros locais) é tão normal na cultura japonesa que é considerado muito rude acordar uma pessoa enquanto ela está dormindo. Especialistas acreditam que os japoneses dormem facilmente em qualquer local e em plena luz do dia porque trabalham pesado e por muito tempo, de modo que muitas vezes eles nem dormem o suficiente à noite. Por isso, eles compensam o sono perdido ao dormirem nos locais mais incomuns.
Outro fato curioso é que os trabalhadores que dormem no trabalho são considerados bem mais dedicados ao seu emprego do que aqueles que não tiram uma soneca para nada. Essa crença vem do fato de que é geralmente aceito que, se um trabalhador está dormindo é porque ele trabalhou tanto que acabou ficando literalmente esgotado. Bizarro, não?
4. Alguns trens “latem como cães”
No Japão, muitos bandos de cervos costumam andar em trilhos de trem para lamber as partes metálicas, o que se tornou um grande problema por conta do número expressivo de cervos atropelados. Para reduzir as colisões, as empresas de trens empregaram algumas táticas bem inusitadas, como por exemplo, espalhar fezes de leões nos trilhos das áreas onde os cervos costumam ser vistos. No entanto, esse plano falhou porque a chuva lavava as fezes.
Por isso, tornou-se necessária a elaboração de um segundo plano: a instalação de um alto-falante nos trens para tocar sons de latidos de cães. Este som é usado para espantar os cervos e parece ter dado muito certo! Durante as fases de testes, o número de cervos que permaneciam perto dos trilhos quando o trem se aproximava caiu pela metade.
3. As empresas de trem cobram os parentes das pessoas que cometem suicídio nas ferrovias
Infelizmente, milhares de pessoas cometem suicídio no Japão todos os anos. O que mais chama a atenção é que um bom número dessas pessoas se matam pulando na frente dos trens que se aproximam, consequentemente causando atrasos nas linhas afetadas. Para as empresas de trem, os atrasos custam dinheiro, por isso elas cobram os parentes vivos das vítimas de suicídio.
Por motivos óbvios, as empresas não divulgam informações concretas sobre essa política, mas acredita-se que desde 2010 as empresas ferroviárias têm sofrido prejuízos de aproximadamente seis milhões de ienes (cerca de 210 mil reais) só por conta de suicídios. Curiosamente, esses suicídios também estão intimamente ligados à queda dos aluguéis de casas, já que as residências geralmente tornam-se mais baratas ao longo das linhas onde os suicídios por trem são comuns.
De fato, os senhorios muitas vezes encontram dificuldades em tentar esconder esses acontecimentos porque a lei japonesa exige que eles informem os possíveis inquilinos sobre os suicídios ocorridos anteriormente.
2. As empresas ferroviárias empregam profissionais para empurrar as pessoas nos trens
Os trens do Japão costumam ficar superlotados durante os horários de pico, quando milhões de pessoas usam esses transportes de uma só vez. Para conseguir alocar tantas pessoas nos trens quanto possível, as empresas ferroviárias empregam os “empurradores”, que são conhecidos no país como “oshiya”. Basicamente, os empurradores fazem exatamente o que seus nomes sugerem: empurram as pessoas para dentro dos trens, embora eles também tenham o papel secundário de impedir que os passageiros entrem nos vagões destinados apenas às mercadorias.
Curiosamente, essa profissão é mais complicada do que parece. Para se ter uma ideia, só o treinamento pode levar até seis meses! Os empurradores também são obrigados a informar os passageiros antes de começarem a empurrar e só podem fazer essa ação “gentil” pelas costas ou pelos ombros. Tornar-se um empurrador também não é uma carreira viável a longo prazo, já que se trata de um trabalho de meio período.
1. As estações de trem contam com luzes azuis para desencorajar o suicídio
Como já foi mencionado anteriormente, as ferrovias japonesas “atraem” muitos suicidas. Para tentar reverter isso, as empresas de trens têm investido na instalação de luzes azuis em suas estações. As empresas ferroviárias japonesas instalaram as primeiras luzes nos anos 2000 depois que a taxa de suicídio nesses locais quebrou recordes. As luzes azuis foram escolhidas porque essa cor tende a tornar as pessoas mais calmas e pode fazer com que elas reconsiderem o suicídio.
A boa notícia é que as luzes parecem que estão realmente funcionando. Em 2013, foi relatado que os suicídios de trens caíram até 84% após a instalação das luzes. No entanto, isso é um tanto inconclusivo, pois as luzes não conseguem impedir o suicídio durante o dia, quando são quase imperceptíveis. Outros pesquisadores acreditam que as luzes só reduziram o suicídio em 14% e também dizem que as barreiras de proteção instaladas nas bordas das plataformas são bem mais eficazes em impedir suicídios do que as luzes azuis.