O bloco governista do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, sai das eleições parlamentares deste domingo (21) com a maioria no Senado, mas não do tamanho necessário para mudar a Constituição –dois terços–, como era o plano.
A projeção é da emissora de televisão pública NHK.
O comparecimento provavelmente ficou abaixo de 50% pela primeira vez em uma eleição para o Senado desde 1995, segundo a NHK. É um sinal de que eleitores se sentiram sem opções.
O Partido Liberal Democrata (LDP, na sigla em inglês), de Abe, e seu aliado Partido Komeito ficarão com pelo menos 69 dos 124 assentos em disputa na Casa Alta do Parlamento, com 245 integrantes. Nove assentos ainda estão indefinidos, segundo a projeção. Junto com os assentos não disputados, isso assegura a maioria para eles.
O bloco governista e seus aliados, no entanto, não alcançaram os 85 assentos necessários para obter a “supermaioria” de dois terços exigida para começar a revisar um artigo da Constituição que poderia fazer com que o Japão fortalecesse seu exército –uma medida controversa no país.
Primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, sorri neste domingo (21) diante das rosas vermelhas colocadas diante dos nomes dos candidatos vencedores do seu partido, o Liberal Democrata, das eleições para a Câmara Alta em Tóquio — Foto: Koji Sasahara/AP
Shinzo Abe quer um exército pleno
Um dos planos de Abe era alterar um artigo pacifista da Constituição do país. A mudança do texto visa dar legitimidade a um exército.
A Constituição japonesa não recebeu emendas desde 1947, quando foi promulgada. Mudá-la seria simbólico, e marcaria uma mudança do pacifismo pós-guerra –algo que, de alguma forma, já aconteceu: se fosse interpretado literalmente, o texto bane os militares, mas o Japão determinou que forças armadas para autodefesa estavam liberadas.
Exército japonês realiza marcha em unidade aérea durante a revisão dos militares na Base Asaka, em imagem de 2016 — Foto: Issei Kato / Reuters
As pesquisas mostraram que os eleitores estão divididos a respeito da mudança. A oposição diz considerar que o país poderá se embrenhar em conflitos levado pelos EUA.
Abe disse que o tamanho da vitória mostrou que os eleitores querem debater a mudança no texto pela primeira vez desde sua promulgação após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial.
Partido governista ganhou cinco eleições seguidas
Durante a campanha, o primeiro-ministro fez campanha da coalizão como a melhor alternativa para estabilidade política.
A oposição teve como principal tema a economia. Em outubro, deverá haver uma alta de impostos de cerca de 10% –devido ao envelhecimento da população, há mais gastos com Previdência.
O partido de Abe ganhou cinco eleições seguidas desde 2012, em parte, porque a oposição está fragmentada, o que deverá voltar a acontecer na próxima legislação, de acordo com analistas dos jornais japoneses.
A principal força anti-Abe, o Partido da Democracia Constitucional do Japão, deve aumentar sua presença no Parlamento, mas ainda assim, não chegará perto da sigla governamental.