A criatividade é, sem sombra de dúvidas, uma qualidade muito valorizada em nossa sociedade. Muitas das celebridades e figuras históricas que conhecemos e idolatramos são elogiados por essa característica, como Albert Einstein, Leonardo da Vinci, Pablo Picasso e Ludwig van Beethoven, para citar alguns exemplos. Em processos seletivos de empresas, também é comum que recrutadores valorizem candidatos criativos. Mas será que a criatividade é sempre uma virtude?
O lado sombrio
Os pesquisadores Daniel Harris, Roni Reiter-Palmon e James Jaufman descrevem a chamada criatividade malévola como “a interação entre aptidão, processo e ambiente pela qual um indivíduo ou grupo produz um produto perceptível que é ao mesmo tempo novo e útil como definido dentro de um contexto social [que é] destinado a prejudicar materialmente, mentalmente ou fisicamente a si mesmo ou aos outros”. Um golpista que utiliza de métodos inovadores para enganar as pessoas, por exemplo, está se aplicando a criatividade de forma malévola.
E qual é o motivo para alguém agir dessa maneira? Harris, Reiter-Palmon e Jaufman acreditam que quanto menos inteligência emocional a pessoa tiver, mais ela pode buscar soluções únicas, porém que são prejudiciais.
Para colocar a teoria em teste, eles fizeram uma enquete com estudantes universitários para medir a inteligência emocional e pediram a esses alunos que apresentasem ideias originais para usar um tiojo ou um sapato. Depois, avaliadores pontuaram cada solução pela sua criatividade e pela sua nocividade. O resultado é que os indivíduos com menor inteligência emocional tendem a apresentar ideias mal-intencionadas, mesmo que sejam inovadoras.
Gênio do mal
Quem já estudou os métodos criativos de genocídio usados no governo nazista, por exemplo, não deve estar surpreso com o conceito de criatividade malévola, provando que nem sempre a inovação e o progresso são sinais de desenvolvimento.
Por isso, entender o lado obscuro da criatividade é necessário para usar a inteligência da humanidade para fins úteis.