O futuro do cromossomo Y nos mamíferos, considerado um símbolo de masculinidade tanto entre a comunidade científica quanto entre a sabedoria popular, pode estar em cheque. Não há razão, entretanto, para achar que em breve os homens irão desparecer da face da Terra: primeiro porque, mesmo que o cromossomo Y deixe de existir nos humanos, isso vai levar mais de 4,5 milhões de anos. Além disso, o que se observou em outras espécies que sofreram o mesmo processo é que há um reajuste genético para que o sexo masculino continue existindo.
Enquanto o cromossomo X possui cerca de mil genes codificadores de proteínas, que estão envolvidos na reprodução e na inteligência humana, o cromossomo Y contém apenas 45 genes que codificam para diferentes proteínas. No passado, esse número chegou a ser cerca de 1.700, o que mostra a degradação do cromossomo ao longo do tempo. Além disso, o cromossomo Y é passado de geração para geração apenas pelo testículo, um local repleto de mitoses que oferece riscos de danos ao DNA.
Durante a 18ª Conferência Internacional de Cromossomos em Manchester, a professora Jenny Graves argumentou que, assim como nos humanos, outras espécies já sofreram com a desagração do cromossomo Y e, em algumas linhagens de roedores, ele já desapareceu por completo. É o caso do Tokudaia muenninki, encontrados apenas no Japão, que não possuem nenhum traço do cromossomo Y.
Após apontar que não há mais nada do Y humano original e que a parte adicionada do Y humano está se degradando rapidamente, a pesquisadora fez uma previsão com base em uma taxa linear de perda e concluiu que o cromossomo Y pode desaparecer completamente em 4,6 milhões de anos.
O estudo, apesar de ser fundamentado cientificamente de maneira sólida, teve contestações de outros pesquisadores da área. O que se sabe é que, por mais que a ciência nos surpreenda com novos fatos e possibilidades, o futuro da nossa espécie ainda é uma incógnita.