As redes sociais potencializaram a necessidade que muitas pessoas têm de expor suas conquistas, sejam elas amorosas ou financeiras. Uma stalkeada rápida no Instagram já pode mostrar uma chuva de exposição. É carro novo para um lado, namoro recente para outro, aliança caríssima, viagens e muito mais. Em muitos casos, é pura felicidade que transborda, mas para a psicologia esse é um “mecanismo de preenchimento” motivado por insegurança.
Assim, ao sentir falta de parte de sua identidade, a pessoa com insegurança — embora isso não fique explícito — tenta compensar de maneira simbólica, utilizando a exposição como forma de preencher o vazio.
Os pesquisadores de psicologia Robert A. Wicklund e Peter M. Gollwitzer, da Universidade de Austin, observaram esse comportamento ainda no início dos anos 1980 e, a partir daí, conduziram uma série de pesquisas e experimentos sobre a teoria da autoconsciência.
A Teoria da Autoconsciência
O estudo de 1981 tinha como objetivo descobrir o quanto a segurança ou insegurança da identidade de alguém poderia afetar a necessidade que sentiam de influenciar outras pessoas. Para isso, o experimento utilizou alguns participantes que tiveram que nomear uma atividade na qual consideravam ter uma “competência especial” para então escrever quantos anos de treinamento eles tiveram nessas áreas e o quão recente as desenvolveram. Depois disso, os participantes do estudo escreveram um ensaio sobre a atividade. Eles foram previamente avisados que esse ensaio seria divulgado a diversos grupos estudantis.
Ao serem questionados sobre quantos alunos deveriam ler os ensaios, os participantes menos experientes disseram que gostariam que a maioria dos estudantes tivessem acesso às suas produções. Isso demonstrou que pessoas com insegurança sentem o desejo de influenciar os outros. Ainda no mesmo estudo, pessoas mais experientes se mostraram mais autocríticas e se mostraram confortáveis em apontar coisas negativas sobre si mesmos.
A teoria formulada quando as redes sociais sequer existiam respondem bem à postura que as pessoas têm atualmente. Ela diz que em alguns casos, essa exposição regular que vemos hoje esconde uma insegurança ainda mais profunda.