Uma das maiores produtoras de plástico do mundo e centro de diversos escândalos, incluindo denúncias de trabalho escravo, a Nestlé está apostando em um truque de marketing valioso na tentativa de melhorar a imagem de empresa pouco ética e quase nada comprometida com questões ambientais e sociais.
No Japão, a companhia tem causado um verdadeiro alvoroço ao trocar as embalagens de papéis plásticos do chocolate KitKat por papéis ecológicos que, além disso, ainda trazem instruções sobre como fazer um origami em vez de simplesmente descartá-lo. A promessa da empresa é de que até 2025 100% de suas embalagens sejam recicláveis ou reutilizáveis.
Mas claro que a promessa veio depois de muita pressão de grupos ambientais, como o Greenpeace. A ONG lançou a campanha #PlasticMonster com o objetivo de interromper a produção de plásticos descartáveis. Para Kete Melges, ativista da ONG, “a Nestlé criou um monstro produzindo quantidades infinitas de plásticos descartáveis que permanecem no ambiente por toda a vida”.
O Greenpeace destaca ainda na campanha que apesar de 90% do plástico produzido na história não ter sido reciclado, as empresas pretendem aumentar ainda mais a produção de embalagens plásticas na próxima década. “Empresas como a Nestlé são as verdadeiras responsáveis pelo monstro plástico que está destruindo nosso planeta. Mas eles também têm o poder de matar esse monstro, reduzindo a produção de plásticos descartáveis”, escreveram.
Segundo a estimativa da Nestlé, a nova iniciativa com o “KitKat reciclável” ajudará a reduzir o desperdício de plástico em cerca de 380 toneladas por ano, mas nem todo mundo acredita que isso é suficiente. “A Nestlé precisa fazer mais para resolver esse problema, pois é uma das piores causas. Eles têm o poder e os recursos para criar embalagens que causem zero desperdício”, diz Kate.
Foto: Nestlé Japão
Assim, embora o KitKat do Japão seja um bom primeiro passo para motivar outras empresas a pensarem em estratégias não danosas ao meio ambiente, a Nestlé, como maior empresa do ramo, precisa pensar além, ainda mais que a confiança das pessoas em sua ética, credibilidade e respeito ao meio ambiente e à sociedade não é exatamente a melhor.
Foto: Nestlé Japão