O plano parecia bom e simples: modificar geneticamente mosquitos para que eles pudessem se misturar a outros na natureza e dizimá-los. Parecia simples, mas infelizmente o plano não deu muito certo.
A tentativa de criar mosquitos modificados geneticamente tinha um objetivo: conter a população do Aedes aegypti, mosquito responsável pela transmissão de dengue, febre amarela, zika e chikungunya. Eles teriam sido projetados para não atingir a fase adulta e, com isso, não conseguir realizar a reprodução, fazendo cair o número de mosquitos.
O experimento, feito em Jacobina, na Bahia, não apenas fracassou como pode ter ajudado a criar um “supermosquito”, uma vez que o cruzamento entre espécies pode ter modificado a biologia dos mosquitos, tornando-os mais resistentes segundo pesquisa publicada recentemente na revista Nature Scientific Reports.
De acordo com o New Atlas, 18 meses após as modificações genéticas, a população de mosquitos voltou a aumentar e, pior do que o crescimento populacional é a possibilidade de que os híbridos sejam ainda mais resistentes a tentativas futuras de diminuir seu número.
Um dos pesquisadores do artigo, Yale Jeffrey Powell, contou ao New Atlas que a tentativa de alterar geneticamente os mosquitos foi motivada pelo aumento nos casos de doenças perigosas, potencializadas pelas mudanças climáticas. “A projeção era de que os genes da cepa de liberação não entrariam na população em geral porque os filhotes morreriam. Isso obviamente não foi o que aconteceu”, disse.
Ao contrário do que se pensava, os mosquitos modificados não apenas atingiram a fase adulta como acasalaram com os mosquitos selvagens, criando um novo tipo híbrido genético mais resistente do que os “naturais”.
Neste primeiro momento, essa nova espécie de mosquito não parece ser perigosa, mas os cientistas ainda não entendem completamente sua biologia e como eles podem se modificar no futuro. “O resultado imprevisto preocupa”, disse Powell ao New Atlas.