Antes do Período Meiji (1868-1912), cada feudo produzia a sua própria moeda. O iene foi criado em 1871 e sua emissão iniciou-se em 1872, após uma reforma monetária baseada no dólar. Desde o fim da 2ª Guerra Mundial, o Japão já produziu cinco séries de notas.
As cédulas são emitidas pelo Banco do Japão e impressas no National Printing Bureau, localizado em Toranomon, Tóquio. Ou seja, as cédulas são impressas pelo Banco do Japão e não pelo governo. As moedas, por outro lado, são emitidas pelo governo japonês e fabricadas em casas de moedas, sendo as principais localizadas em Osaka, Tóquio e Hiroshima.
Atualmente existem quatro cédulas em circulação no país: ¥ 1.000, ¥ 2.000, ¥ 5.000, e ¥ 10.000. Os materiais usados para fazer as cédulas e moedas de um país diferem de país para país. Um dos prazeres de viajar para o exterior é observar a moeda dos países visitados.
É interessante observar as impressões nas cédulas que de alguma maneira simbolizam o país como flores, plantas, animais, paisagens e edifícios, sem contar as figuras históricas que também são usadas com frequência. Aqui estão alguns fatos interessantes sobre as cédulas japonesas, alguns talvez desconhecidos até mesmo para alguns nativos japoneses.
Notas em circulação atualmente
Nome em japonês: ¥1.000 (Sen en satsu)
Dimensões: 15 cm x 7,6 cm
Criação: novembro de 2004
Figura na frente: Hideyo Noguchi (1876-1928). Nascido na província de Fukushima, ele viajou para os Estados Unidos para realizar pesquisas bacteriológicas. Ele é conhecido por seu estudo de doenças, incluindo febre amarela e sífilis. Enquanto pesquisava a febre amarela na África, ele contraiu a doença e morreu na Costa do Ouro (agora Gana) aos 51 anos.
Figura no verso: Monte Fuji, flores de cerejeira e o Lago Motosu, na província de Yamanashi. São considerados ícones da beleza natural japonesa.
Nome em japonês: ¥2.000 (Ni-sen en satsu)
Dimensões: 15,4 cm x 7,6 cm
Criação: julho de 2000
Figura na frente: É a única cédula que não traz uma pessoa, e sim uma estrutura. É o Shureimon, um portão construído entre 1527 e 1555 em Naha (Okinawa), considerado tesouro nacional em 1933. Destruído durante a 2ª Guerra Mundial, foi reerguido 20 anos depois.
Figura no verso: Uma cena do Conto de Genji e um retrato de sua autora, Murasaki Shikibu (973?-1031?). O livro foi escrito no começo do século 9, durante o Período Helan, e é considerado o primeiro romance literário do mundo.
Curiosidade: As notas de ¥ 2.000 são relativamente raras em comparação com outras cédulas, já que não são mais impressas. Foi lançado em 2000 em comemoração ao novo milênio e também para celebrar a reunião de cúpula do G8 realizada em Okinawa e Kyushu.
Nome em japonês: ¥5.000 (Go-sen en satsu)
Dimensões: 15,6 cm x 7,6 cm
Criação: novembro de 2004
Figura na frente: Ichiyō Higuchi (1872-1896), poeta e contista japonesa. Foi a primeira escritora mulher a ter destaque no Japão moderno e a estampar uma cédula japonesa. Produziu no período Meiji obras que ainda tem grande impacto na literatura local contemporânea tais como Takekurabe e Nigorie. Ela morreu de tuberculose aos 24 anos de idade.
Figura no verso: Flores de íris da obra Kakitsubata-zu, do artista Ogata Kōrin (1658-1716)
Nome em japonês: ¥10.000 (Ichi-man en satsu)
Dimensões: 16 cm x 7,6 cm
Criação: novembro de 2004
Figura na frente: Fukuzawa Yukichi (1835-1901), escritor, tradutor, empresário e jornalista, ativista dos direitos humanos. Foi o fundador da Universidade Keio, uma das mais prestigiadas universidades privadas do Japão e autor do importante trabalho Gakumon, além de ser um dos principais articuladores da modernização do Japão, considerado o “Voltaire japonês”.
Figura no verso: Estátua de uma fênix (hōō), do Byōdō-in. Essa escultura está no Salão da Fênix, no último prédio original do templo budista na cidade de Uji (Kyoto). Presente em diversas mitologias orientais, a fênix simboliza virtude, graça e renascimento
Medidas Anti-Falsificação
Evitar a falsificação é uma questão importante. O Museu da Moeda no Banco do Japão, em Nihonbashi, Tóquio, apresenta a história do dinheiro japonês do século VII, exibindo muitas moedas e notas antigas. Isto inclui exposições sobre avanços em técnicas anti-falsificação.
Os domínios feudais no período Edo (1603–1868) já usavam marcas d’água em suas notas arcaicas. Confira algumas das técnicas usadas nas cédulas atuais japonesas:
1. impressão em relevo
Uma das tecnologias mais eficazes contra falsificação de notas é a impressão em baixo relevo, particularmente contra cópias por impressoras ou scanners.
Cria uma área de impressão levemente elevada, que também pode ser usada por pessoas com deficiência visual para reconhecer as cédulas apenas pelo toque.
Esses elementos em baixo relevo tem um símbolo no canto inferior direito (que varia entre cada tipo de nota). Na nota de ¥ 10.000, um L invertido. Na nota de ¥ 5.000, um octógono.
Na nota de ¥ 2.000, três círculos alinhados verticalmente e caracteres braille japoneses para に ( ni ). Na nota de ¥ 1.000, linhas horizontais.
2. Hologramas
As notas de ¥ 10.000 e ¥ 5.000 têm hologramas com imagens que mudam dependendo do ângulo em que são vistas. Este holograma exibe, alternadamente, a logomarca do Banco do Japão, o valor da nota em numerais e flores de cerejeira.
3. Marcas d’água
Na área central, está oculto o mesmo retrato presente na nota. No lado direito do retratado, há um código com barras também impresso com essa técnica.
O total de barras varia: As notas de ¥ 1.000, ¥ 5.000 e ¥ 10.000 têm um, dois e três barras, respectivamente, no lado direito. Na de ¥ 2.000 não tem nenhuma.
4. Imagens ocultas
As quatro notas possuem uma imagem secreta, com o valor dela, que só é revelada sob certo ângulo. Incline, por exemplo, uma nota de ¥ 10.000 e o número “10.000” pode ser visto na parte inferior esquerda. Já o verso, revela a palavra “NIPPON” (Japão) à direita quando inclinado.
5. Tinta de pérola
Inclinar as notas também revela um padrão rosa no centro das bordas esquerda e direita.
6. Microimpressão
Desde 1993, as notas apresentam a expressão “NIPPON GINKO”, que é a transliteração para o inglês de 日本銀行 (“Banco do Japão”). Só pode ser vista com lupa.
7. Tinta luminescente
Desde 1993, essa luz ativa um brilho laranja-dourado no selo do banco. Ela também deixa as extremidades com uma coloração esverdeada.
É possível trocar cédulas danificadas?
Notas danificadas ou sujas podem ser trocadas se forem levadas no Banco do Japão localizado em Nihonbashi, Tóquio ou em uma de suas 32 filiais dentro do país. (As trocas também podem ser feitas em instituições financeiras comerciais.)
Na imagem acima você pode observar quais o padrão de notas danificadas que podem ser trocadas pelo mesmo valor, pela metade do valor, ou ainda quando não pode ser trocada.
◎ Se dois terços ou mais da nota permanecer, ela poderá ser trocada por seu valor total.
△ Se mais de dois quintos e menos de dois terços da nota permanecer, ela poderá ser trocada pela metade do seu valor.
x Se menos de dois quintos da nota permanecer então não pode ser trocado.
Quanto tempo dura uma cédula japonesa?
Segundo o Banco do Japão, o tempo médio de vida de uma nota de 10 mil ienes é de cerca de 4 a 5 anos. As notas de 5.000 ienes e 1.000 ienes são usadas com mais frequência, resultando em um desgaste mais rápido, o que reduz sua expectativa de vida para 1 a 2 anos.
As notas em circulação são devolvidas ao Banco do Japão pelas instituições financeiras, onde são verificadas a autenticidade e os danos antes da decisão de serem colocadas novamente em circulação ou destruídas. As que são destruídas serão recicladas em outros produtos como papel higiênico ou material de escritório ou então incineradas como lixo geral.
Fonte: Japão em Foco