Cientistas japoneses desenvolveram uma técnica agrícola que permite o cultivo de alimentos sem a necessidade de terra firme.
A novidade, revolucionária por si só, é mais uma ferramenta que pode ser utilizada no combate às mudanças climáticas, além de contribuir para as discussões envolvendo o aumento exponencial da população e a expansão das cidades, que reduzem o espaço para o cultivo na terra.
À primeira vista, estes são alguns dos principais – e mais complexos – problemas que a humanidade enfrentará no futuro.
Há cinquenta anos, o engenheiro agrônomo Norman Borlaug mudou para sempre a indústria de alimentos com sua “revolução verde”. Ajudando a aplicar métodos técnico-científicos aliados à biotecnologia, ele tinha como objetivo reduzir a fome mundial.
Em reconhecimento à sua contribuição para a paz através do aumento do fornecimento de alimentos, ele foi premiado com o Nobel da Paz, em 1970.
Hoje, uma nova corrente biotecnológica surge no Japão para renovar nossos métodos agrícolas.
Para além da manipulação genética que enfraquece as pragas nas lavouras ou a colheita automatizada que reduz desperdícios, o método de Yuichi Mori altera a maneira como os próprios alimentos são semeados.
Alimentos cultivados de forma automatizada
A ideia do professor e engenheiro é revolucionar a agricultura – sem terra e com menos trabalhadores braçais.
Em uma entrevista à BBC, Yuichi Mori diz ter se inspirado nas membranas dos rins artificiais – que lembravam filmes de polímeros, muito semelhantes a uma folha de plástico transparente.
Ele desenvolveu então seu próprio polímero, feito de hidrogel permeável que armazena água e nutrientes. As plantas, quando semeadas, crescem sobre o polímero.
A técnica consome 90% menos água do que o cultivo tradicional e não utiliza pesticidas ou outros produtos químicos, já que os poros do polímero bloqueiam vírus e bactérias. É altamente eficaz! A planta cresce de um lado e as raízes do outro, reduzindo problemas de espaço e suprimento de água.
Estima-se que 70% da água doce usada por humanos sejam redirecionadas para a agricultura – imagine o que aconteceria se essa técnica fosse regra no mundo inteiro.
E não para por aí: Yuichi tem testado seu polímero em fazendas verticais (isto é, o cultivo de plantas dentro de edifícios ou de vários andares de arranha-céus), e automatizado sua colheita. Em outras palavras, os vegetais seriam removidos automaticamente, sem a necessidade de mãos humanas!
A tecnologia está a serviço do ser humano e em meio aos desafios do século XXI, é a nossa maior aliada na promoção do bem-estar e no combate à escassez e desperdício de recursos.