Embora o Japão seja considerado pela maioria das pessoas como uma nação rica e aparentemente sem grandes desigualdades sociais, pesquisas revelam uma outra realidade: Uma em cada seis pessoas está vivendo abaixo da linha da pobreza no Japão. No total soma-se 21 milhões de pessoas em um país de 128 milhões.
Em julho de 2014, o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar anunciou os resultados do levantamento das condições de vida da população correspondente ao ano anterior (2013). Segundo o relatório divulgado, o número de pessoas que vivem com uma renda salarial abaixo da média nacional é de cerca de 16,1%.
Os mais afetados por essa realidade são as mulheres solteiras, desempregados e idosos (aposentados). Aliás, segundo estatísticas recentes, o número de crimes praticados por aposentados aumentou consideravelmente nos últimos anos, possivelmente por acreditarem que na prisão serão amparados pelo sistema.
Aposentados no Japão
Muitos idosos no Japão sobrevivem com uma aposentadoria, muitas vezes insuficiente para suas necessidades básicas. Sem contar que por falta de vínculos familiares, muitos acabam isolando-se e entrando em um quadro de depressão, que por sua vez tem elevado o número de suicídios e Kodokushi.
Segundo Aya Abe, um pesquisador do Instituto Nacional de População e Seguridade Social, as mudanças sociais tão visíveis nas últimas décadas tem abalado as estruturas familiares. Cada ano que passa, aumenta o número de jovens que decidem viver sozinhos, ao contrário de antigamente, onde era comum uma família dividir a mesma casa por várias gerações.
Mães solteiras no Japão
O número de mães solteiras também tem aumentado nos últimos tempos. Segundo estimativas, existem cerca de 1,23 milhões de mulheres que criam seus filhos sozinhas, ganhando em média 40% da média salarial e mesmo recebendo ajuda do governo, enfrentam muitas dificuldades financeiras.
Quem também sofre com essa situação de baixa renda são as crianças. A taxa de pobreza infantil para crianças e jovens com idade inferior a 18 anos residentes nesses domicílios, foi de 16,3%, o maior já registrado até então.
Sem Tetos no Japão
Outros dados interessantes são em relação aos sem tetos no Japão. Existem cerca de 7.508 pessoas vivendo literalmente em “baixo da ponte”, assim como em ruas, parques e locais públicos. Somente em Tóquio, são cerca de 1.697 moradores de rua, segundo dados divulgados no site Metro Tokyo JP.
Apesar de ser um número expressivo em se tratando da capital da terceira maior economia do mundo, onde vivem em média 13,4 milhões de pessoas, vale ressaltar que em 2002, esse número chegou a 6.731 pessoas. Com os projetos sociais do governo, muitos tem conseguido moradia provisória e emprego.
Mas nem todos os moradores de rua no Japão estão nessa situação por falta de alternativas ou oportunidades. Há aqueles que optam em viver dessa maneira por que querem se sentir livres e sem as pressões impostas pela sociedade.
Um exemplo é Hisao Kawabata, um sem teto japonês que vive no Parque Yoyogi em Tóquio. Na série “A Day With…” do canal Vice Japan, a equipe passa um dia com Kawabata-san, que fala um pouco sobre seu estilo de vida e como ganha a vida, vendendo porcelanas e roupas em mercados de pulga no Yoyogi Koen.
Ichioku-sohchu-ryu – Um ex-país de Classe Média
Existe um ditado japonês que diz: “ichioku-sohchu-ryu”, que pode ser traduzido como “uma nação de classe média”. O crescente desenvolvimento industrial após a Segunda Grande Guerra de fato propiciou que a população em sua maioria gozasse de um padrão de vida satisfatório. Porém, a partir da bolha econômica da década de 80, o cenário social e econômico tem sofrido muita instabilidade, trazendo à tona o fantasma do desemprego e da insegurança.
Viver no Japão é uma experiência maravilhosa e muito enriquecedora, mas é necessário estar atento para não ser pego de calças curtas em uma eventual crise e recessão. A dica é economizar o máximo que puder para que esses fantasmas não destruam os sonhos de quem busca uma vida melhor.
Fonte: Japão em Foco