“Todo pigmento tem a sua história”, disse, em entrevista ao site Fast Company, Narayan Khandekar, diretor do Centro Straus de Estudos Técnicos e de Conservação do Museu de Arte de Harvard e guardião da incrível coleção de cores estudada e catalogada pelo historiador Edward Waldo Forbes em um trabalho de aproximadamente 100 anos.
A pesquisa, que já engloba mais de 3.000 pigmentações diferentes encontradas nos mais variados materiais, é conhecida como The Forbes Pigment Collection e é um verdadeiro estudo de tons. Veja abaixo algumas das cores identificadas na obra.
1 – O amarelo indiano
Sua origem remonta aos povos indianos do século XIX, habitantes da aldeia de Mizarpur, que alimentavam suas vacas com folha de manga para que sua urina tivesse uma coloração brilhante, intencionalmente para produzir, a partir disso, um corante, que passou a ser vendido na forma de uma esfera semelhante a uma bola de golfe. Mais tarde, pesquisadores investigaram o pigmento e descobriram a existência de pequenas quantidades de metabólitos dos animais.
2 – O azul ultramarino
Derivado do lápis lazuli encontrado no atual território do Afeganistão durante a Idade Média, era considerado um símbolo de status social por ser mais caro do que ouro e possui um alto valor de compra, surgindo em pequenas quantidades em diversas obras de arte renascentistas como no quadro The Virgin and Child, de Sandro Boticelli.
3 – O acetatoarsentino de cobre
Constituído de um material altamente tóxico, o pigmento verde-esmeralda era comercializado como tinta e muito utilizado na composição de quadros durante o século XIX, incluindo o clássico autorretrato de Van Gogh, onde a coloração está presente em abundância. A cor esteve relacionada a diversas polêmicas como em casos de envenenamento, causando seu banimento, e no combate a pragas nas ruas de Paris.
4 – Corante de ácido carmínico
Encontrado no organismo do inseto kermes, a tonalidade avermelhada era muito rara na Idade Média. Apenas anos depois, durante a colonização espanhola, que os europeus descobriram que o pigmento poderia ser encontrato também no inseto cochonilha, que o produz como mecanismo de defesa. O ácido carmínico, então, logo passou a ser artigo de luxo comercializado com a nobreza e, atualmente, serve de corante para alimentos e produtos de beleza.