As mulheres não devem ser forçadas a sofrer para cumprir regras de vestuário impraticáveis no trabalho, disse nesta terça-feira o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, em resposta a uma pergunta sobre se as trabalhadoras japonesas deveriam usar salto alto no escritório.
Foi a primeira declaração de Abe em respaldo ao #KuToo, movimento criado pela atriz e escritora Yumi Ishikawa e que pressiona as empresas japonesas a flexibilizarem seus rigorosos códigos de conduta para as mulheres no trabalho.
A hashtag é uma referência à palavra japonesa para sapato (kutsu) e também para dor (kutsuu).
A fala de Abe pode indicar também uma mudança de postura do governo japonês. Em junho do ano passado, após um grupo de mulheres ter apresentado uma petição pedindo ao governo que proibisse a exigência de sapatos de salto no trabalho, o então ministro da Saúde, Trabalho e Assistência Social Takumi Nemoto disse que concordava com o status quo, de acordo com a Kyodo News.
– É geralmente aceito pela sociedade que (usar salto alto) é necessário e razoável nos locais de trabalho – disse Nemoto em uma sessão do parlamento.
Nemoto se aposentou em setembro.
Mas, após ter feito a declaração contrária ao uso de saltos altos, Abe afirmou que é difícil para o governo adotar uma medida que implique em decisões de empresas privadas. E que é preciso realizar mais discussões entre todos os envolvidos.
Além da #kuToo, no ano passado se tornou popular também a hashtag glassesban (proibição de óculos), que entrou nos assuntos mais comentados do Twitter após uma reportagem da Nippon TV relatar a exigência das empresas de que suas funcionárias usem lentes de contato.
A reportagem mostrava que os homens poderiam usar óculos no trabalho, mas as mulheres que não recorressem às lentes de contato sofriam reprimendas de seus superiores. Além dos saltos altos e das lentes, as mulheres no Japão relatam que as empresas exigem maquiagem e cabelos perfeitos de suas funcionárias.