Os Ainus de Hokkaido, no Japão, até alguns anos atrás não eram nem sequer considerados como povos indígenas da Terra do Sol Nascente. Isso mudou em 2008, quando veio o reconhecimento por lei, depois de um longo período de discussões e o entendimento de que as histórias de exclusão desse povo indígena fizeram com que sua cultura quase desaparece.
Terra dos Ainus
Existem muitas teorias e histórias que tentam explicar qual é a origem dos Ainus. Entretanto, ainda hoje as incertezas permanecem. O que se sabe é que eles foram os primeiros habitantes da região norte do Japão, onde atualmente é Hokkaido. Eles também residiram nas ilhas Sakhalin e Curil, localizadas na costa leste da Rússia.
A religião e devoção dos Ainus consistia na reverência dos lobos e dos ursos, além da adoração aos deuses, que julgavam estar encarnados em elementos naturais, como a água, vento e fogo. No século XV, japoneses foram em busca de grupos de Ainus para promoverem negócios. Porém, esse contato não foi muito bom e conflitos surgiram. E não foram episódios isolados, já que há registros de batalhas entre os dois grupos datados de 1457 a 1789.
O fim dos conflitos chegou com a Batalha de Kunasiri-Menasi, ocorrida em 1789, quando, enfim, os japoneses conquistaram os indígenas. O fato é que quanto mais o Japão crescia, mais os Ainus eram empurrados para territórios situados cada vez mais ao norte. Em um determinado momento, esse povo indígena ficou praticamente restrito à ilha de Hokkaido.
No século XIX, o Japão passava por um intenso trabalho de modernização, ao mesmo tempo em que o sentimento nacionalista crescia. Foi em 1899 que o governo, impulsionado por essa ideia, criou uma lei para facilitar a assimilação do povo Ainu.
Renascimento
A relação entre os japoneses e os Ainus não se distanciou tanto de outras já conhecidas entre os povos indígenas e o mundo civilizado. Ou seja, como esses grupos eram considerados povos não civilizados e primitivos, eles estavam fadados a desaparecer. E isso quase ocorreu.
O renascimento da cultura Ainu ganhou força nas últimas décadas. A língua praticada, por exemplo, foi considerada pela UNESCO como língua ameaçada — estima-se que existam menos de seis falantes nativos. A lei de 1899 não existe mais e há um forte trabalho de promoção, divulgação e aprendizado da cultura Ainu sendo feito por uma série de entidades japonesas.