Os Estados Unidos e os países europeus devem imitar o Japão, se quiserem escapar da recessão que se desenha, devido à pandemia de coronavírus. A avaliação é do Bank of America (BofA), em relatório obtido pelo Money Times.
Assinada por Ethan Harris, chefe global da área de economia do BofA, a carta aos clientes afirma que a recessão será mais longa que os otimistas preveem, com uma curva em “U” (queda da economia, seguida por um período de estagnação e posterior retomada) em vez de “V” (queda da economia, seguida por uma rápida recuperação).
Para Harris, os defensores da curva em “V” se esquecem de “lições básicas”, como a de que muita coisa pode causar uma recessão, mas ela perdura por mais tempo do que os fatores que a deflagraram, o que gera um efeito de retroalimentação da crise.
Segundo o BofA, isso deve servir de alerta para os países desenvolvidos que já discutem o fim das medidas de isolamento social impostas para combater a pandemia.
Crise gera crise
“Os países que se reabrirem encontrarão um ambiente de demanda fortemente reduzida, com elevadas taxas de poupança e gastos discricionários bem baixos”, diz.
Nesse contexto, o BofA rejeita enfaticamente a tese de que o aumento da liquidez, proveniente das medidas anunciadas por bancos centrais de todo o mundo, terminará num surto inflacionário. “Discordamos firmemente e esperamos mais deflação”, afirma o relatório.
O BofA argumenta que inundar o sistema bancário com dinheiro não implica, necessariamente, que ele se transformará em empréstimos e, por tabela, consumo.
“Facilitar o crédito não significa criar inflação, se tudo o que se faz é prevenir falências”, observa o economista.