“Vamos combinar uma coisa, OK?”. “Se você estiver OK com isso, poderemos começar”. São várias as formas de usar o tão conhecido OK (ou O.K.) e, provavelmente, você utiliza bastante essa expressão, que é muito comum nos países de língua inglesa e acabou sendo incorporada em nosso vocabulário.
E você sabia que o famoso OK está completando 175 anos de existência? É verdade que é estranho ter um número tão específico para o nascimento de uma palavra, mas os linguistas chegaram a essa data devido a sua primeira publicação impressa — que é, mais precisamente, no dia 23 de março.
Para fazer uma homenagem a essa expressão, o pessoal do site Mother Nature Network resolveu contar um pouquinho da história de como ela pode ter surgido. Segundo eles, a palavra “OK” é uma das exportações culturais mais populares da América, unindo diferentes significados em apenas duas letras de uma forma versátil.
Tudo certo
A expressão OK tem quase tantas histórias de origem como conotações, mas os linguistas em geral concordam que a expressão foi publicada pela primeira vez em 23 de março de 1839 em um jornal de Boston. Mas de onde ela veio? Bem, graças ao etimologista norte-americano Allen Walker Read, é possível ter uma ideia sobre isso.
Depois de uma pesquisa minuciosa da história do OK, Allen publicou suas descobertas na revista American Speech em 1963 e 1964, seguindo a trajetória do termo desde 23 de março de 1839. De uma forma sucinta, Allen considerou que o OK era a abreviação da expressão “oll korrect”, escrito assim mesmo de forma incorreta na língua inglesa e que significava “all correct”— em português “tudo certo”.
No entanto, essa forma precisa de um contexto histórico para fazer mais sentido. No final dos anos 1830, as manias de gírias começaram entre os jovens educados em Boston e Nova York para fazer siglas divertidas (que não deviam ser levadas a sério) com erros de ortografia deliberados de frases comuns.
Isso levou a abreviaturas como NC para “enough said ” (escrito incorretamente de propósito como “nuff ced”), entre outras siglas.
Outra teoria
Esse primeiro uso do OK no Morning Herald Boston é considerada a primeira aparição impressa da palavra, como você pode conferir na imagem acima. Após essa ocorrência, a sigla se tornou ainda mais popular, pois 1840 foi um ano de eleição nos Estados Unidos e o presidente da época (Martin Van Burren) passou a ser apelidado de “Old Kinderhook” devido ao seu local de nascimento ser na cidade de Kinderhook, NY.
Com a esperança de capitalizar com essa coincidência, os partidários do Partido Democrata de Van Buren formaram o OK Club para promovê-lo antes da eleição, de acordo com a Oxford University Press. Mas, mesmo com a popularidade do OK, Van Burren não foi reeleito, mas a sigla ficou na memória do povo norte-americano.
O candidato que venceu Burren, Whig William Henry Harrison, também aproveitou o OK para debochar da campanha do seu rival, insultando-o como “out of kash” (out of cash – sem dinheiro) e “orful katastrophe” (awful catastrophe – terrível catástrofe).
Na verdade, a expressão que pode até ter sido a verdadeira vencedora em 1840. No entanto, ainda demorou um pouco para ela se tornar a “maior palavra da América”, um título concedido pelo autor Allan Metcalf em seu livro sobre o OK, que foi publicado em 2010. Tudo porque muita gente não a via com bons olhos.
Os maiores escritores do século 19, incluindo Mark Twain, se esquivavam da sigla, de acordo com Metcalf, proporcionando pouca legitimidade literária a ela. Essa situação mudou quando uma variante do OK foi utilizada em 1918 por Woodrow Wilson, o único presidente dos EUA com um doutorado.
Versatilidade
Muito do sucesso do OK pode ser atribuído à sua brevidade e flexibilidade. Por exemplo, a sigla pode servir para preencher de forma rápida uma aprovação de um documento ou conta. O OK também concede permissão (“Por mim, OK”), assim como estado ou segurança (“você está OK?”) ou ainda encerrar uma ação ou mudar de assunto (“OK, qual é o próximo item?”).
O OK pode até mesmo insinuar a mediocridade ou a decepção (“a festa estava OK…”). É claro que todas as formas de utilização são mais frequentes nos países de língua inglesa, mas algumas delas são bastante usadas no Brasil e em outras nações.
Origens alternativas
A citação do OK no jornal de Boston é tida como a primeira registrada. No entanto, é impossível descartas as origens alternativas. Uma delas diz que a expressão veio do escocês och aye (algo como “sim, de fato”), enquanto outra hipótese diz que veio do grego oka kala (“tudo está bem”). Ainda entram nas teorias as expressões oikea (“correto”, em finlandês) ou da língua mandinga africana O ke (“certamente”).
Para complicar mais um pouquinho, o OK ganhou a variante soletrada “okay”, que é mais recente. Porém, a sua versão de origem mais famosa, e que provavelmente você já viu por aí, é aquela que diz que o OK era a sigla de “0 Killed” (“zero killed”), uma abreviação de “zero mortos” em relatórios de campos de batalha.
Não ter nenhuma baixa entre os soldados sem nenhum morto na guerra era algo muito bom e, com o tempo, a expressão foi se tornando sinônimo de que tudo estava certo.
Em gestos, nos Estados Unidos, o OK é feito unindo o polegar e o indicador com os outros três dedos levantados. Porém, aqui no Brasil há que se tomar cuidado com essa forma, pois também significa outra coisa… Mas é possível transmitir a expressão para um norte-americano (ou inglês, australiano, canadense etc) com o nosso famoso “joinha”, OK?