Embora seja conhecido comumente como Planeta Vermelho, uma sonda europeia foi capaz de perceber um curioso brilho verde vindo diretamente da atmosfera de Marte. O estudo, da Agência Espacial ExoMars Trace Gas Orbiter, que se aprofunda nas questões referentes ao planeta, foi publicado recentemente no periódico Nature Astronomy. Contudo, há uma explicação bastante plausível para essa nova tonalidade ter sido encontrada por lá.
No Terra, por exemplo, este fenômeno do brilho esverdeado é comum e ocorre quando os elétrons do espaço colidem com a nossa atmosfera superior, fazendo com que uma espécie de aurora se forme nos pólos do nosso planeta. Durante a noite, o brilho acaba se firmando, sobretudo quando as moléculas na atmosfera que se separam voltam a se unir. Já quando está de dia, o brilho se intensifica quando a luz solar acaba por agitar as moléculas e os átomos atmosféricos, como nitrogênio e oxigênio.
Entretanto, é a primeira vez em que isso acontece fora do espaço terrestre, o que é bastante espetacular.
O brilho de Marte
Pelo ponto de vista da Estação Espacial Internacional, é possível visualizar o brilho verde da Terra de uma forma mais intensa. Mas nosso planeta já possui uma superfície brilhante, o que pode sobrecarregar este brilho que, em si, é mais fraco. E o mesmo pode ocorrer com os outros planetas, fazendo com que essa nova descoberta em Marte seja bastante relevante e tão impressionante.
“Uma das emissões mais brilhantes vistas na Terra deriva do brilho da noite. Mais especificamente, dos átomos de oxigênio emitindo um comprimento de onda de luz específico que nunca foi visto em outro planeta”, relatou Jean-Claude Gérard, principal autor deste estudo por meio de um comunicado oficial. Gérard também é astrônomo e professor da Université de Liège na Bélgica.
Segundo o pesquisador, é provável que este brilho possa existir em Marte durante 40 anos. E ainda bem que tudo foi descoberto a tempo. A ExoMars Trace Gas Orbiter começou a observar o Planeta Vermelho mais de perto em 2016, quando apontou alguns de seus principais instrumentos de pesquisa para a órbita de Marte, que incluíam um espectrômetro ultravioleta.
Ao comparar os dois planetas, os pesquisadores puderam descobrir, no entanto, que o brilho verde de Marte é bem diferente do brilho emitido na Terra. Segundo eles, inclusive, o brilho de lá seria bem mais forte do que a emissão criada pela Terra, devido a alguns fatores moleculares. “Isso sugere que temos muito mais a aprender sobre como os átomos de oxigênio se comportam, o que é extremamente importante para o nosso entendimento da física atômica e quântica”, completou Gérard.