Tóquio, Japão – O jornal Asahi publicou uma matéria nesta terça-feira (4) destacando o que chamou de “grande erro” das pesquisas eleitorais no Brasil, que apontavam vitória do candidato petista Luiz Inácio da Silva com uma vantagem de mais de 10% sobre o atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).
Com 99,99% das urnas apuradas no primeiro turno das eleições no domingo, o candidato à reeleição superou o que era estimado pelas principais pesquisas de opinião e somou 43,20% dos votos válidos, contra 48,43% de Lula, o que aponta para uma tensa segunda votação em 30 de outubro.
O resultado de Bolsonaro foi muito melhor do que o previsto nas pesquisas, que chegavam a apontar uma diferença de até 14 pontos percentuais e até mesmo uma possibilidade de eleição de Lula em primeiro turno.
“As duas últimas eleições presidenciais que Lula venceu (2002 e 2006) foram disputadas no segundo turno, e os resultados desta vez estão, é claro, dentro de nossas expectativas. No entanto, o impulso de Bolsonaro não estava nos cálculos”, disse um representante do PT ao jornal Asahi.
O jornal lembrou que ocorreu um fenômeno parecido na última eleição norte-americana, em 2020, quando as pesquisas superestimaram a vitória de Joe Biden e subestimaram a derrota de Donald Trump.
A diferença entre o cenário projetado pelas pesquisas eleitorais no Brasil e o resultado oficial na noite de domingo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) coloca em evidência, de um lado, o desafio enfrentado pelos institutos para definir as amostragens do eleitorado, e, de outro, votos não declarados aos pesquisadores, em um possível movimento de boicote, avaliaram especialistas.
Creomar de Souza, CEO da Dharma Political Risk, avalia que dois fatores influenciaram para evidenciar as discrepâncias entre os votos de fato e os números projetados pelas pesquisas: “a questão da amostragem e o voto envergonhado”.
A percepção é compartilhada pelo sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, que identificou a tendência de votos não captados pelas pesquisas. Ele também aponta uma migração de eleitores para Bolsonaro, possivelmente para impedir que Lula pudesse liquidar a disputa no primeiro turno.
“Ao que parece, quem teve voto útil foi Bolsonaro. E talvez voto oculto também. Eleitores não respondendo às pesquisas ou dizendo que estavam indecisos”, avaliou Lavareda, que está à frente da MCI-Estratégia e preside o Conselho Científico do Ipespe, que também divulga pesquisas.
Fonte: Reuters