NOVA IORQUE- Pesquisadores nos Estados Unidos e na Europa estão desenvolvendo tratamentos experimentais que prometem transformar o combate a doenças autoimunes como artrite reumatoide, lúpus, esclerose múltipla e miosite. Em vez de apenas suprimir o sistema imunológico — como fazem os medicamentos atuais — as novas terapias buscam reprogramá-lo, atacando diretamente as células que causam a doença.
Especialistas afirmam que esse avanço pode inaugurar “uma nova era” no tratamento das doenças autoimunes, que afetam milhões de pessoas e frequentemente exigem remédios caros, contínuos e com efeitos colaterais severos.
CAR-T: terapia do câncer que pode “resetar” a imunidade
O tratamento mais avançado é a terapia CAR-T, originalmente criada para cânceres sanguíneos. Ela envolve retirar células T do paciente, reprogramá-las em laboratório para destruir células B defeituosas e reinfundi-las após quimioterapia.
Embora agressiva e cara, a técnica levou diversos pacientes com doenças autoimunes graves à remissão prolongada.
Casos na Alemanha e nos Estados Unidos — incluindo pacientes com lúpus, esclerodermia e miosite — mostraram resultados “chocantes”, segundo o reumatologista Maximilian Konig, da Universidade Johns Hopkins. Alguns pacientes ficaram livres de sintomas e sem medicamentos meses após a terapia.
O procedimento é considerado capaz de reiniciar o sistema imunológico, eliminando as células B problemáticas antes que novas, saudáveis, sejam produzidas.
Novas estratégias: células pacificadoras, anticorpos e mRNA
Além do CAR-T, outras abordagens estão sendo testadas:
• Células T reguladoras (“pacificadoras”): em desenvolvimento por empresas de biotecnologia, são modificadas para reduzir a inflamação e impedir ataques autoimunes.
• Engajadores de células T, como o medicamento teclistamab: redirecionam células T existentes para destruir células B defeituosas, sem necessidade de terapia personalizada. Em um estudo preliminar, 9 de 10 pacientes melhoraram, e seis entraram em remissão.
• Nanopartículas de mRNA, inspiradas nas vacinas da COVID-19: desenvolvidas na Johns Hopkins para ensinar o corpo a conter células imunes hiperativas e expandir células protetoras.
• Terapias de prevenção: pesquisas em artrite reumatoide e diabetes tipo 1 tentam bloquear o desenvolvimento da doença antes dos primeiros sintomas.
Resultados iniciais inspiram esperança, mas exigem cautela
As terapias ainda são experimentais e geralmente reservadas a pacientes que já tentaram todos os tratamentos disponíveis. Há dúvidas sobre segurança, efeitos colaterais e duração dos benefícios do CAR-T.
Mas histórias de pacientes em remissão, como Mileydy Gonzalez, de 35 anos, e Allie Rubin, de 60, alimentam o otimismo dos médicos.
“Estamos mais perto do que nunca de uma possível cura”, disse Konig. “Os próximos dez anos podem transformar completamente o tratamento das doenças autoimunes.”
Fonte: Japan Today









