Chamam-lhe “epidemia de insónias”. No Japão, a queda de produtividade no trabalho devido às poucas horas de sono dos trabalhadores estará a ter um impacto de cerca de 120 mil milhões de euros na economia do país.
Para combater essa “epidemia”, algumas empresas japonesas decidiram oferecer aos funcionários mais uma tarefa de trabalho: dormir. Tirar uma parte do dia para fazer a sesta no local de emprego. E não é para dormir na secretária, mas sim para repor as horas de sono numa sala silenciosa.
Segundo o jornal britânico “The Guardian”, as “startups” de tecnologia têm sido mais rápidas a lidar com a situação de funcionários mais irritáveis e menos produtivos. No ano passado, a Nextbeat, uma provedora de serviços, chegou a criar dois “dormitórios estratégicos” – um para homens e outro para mulheres – na sua sede em Tóquio. Os quartos têm dispositivos que bloqueiam qualquer ruído exterior, permitindo que os trabalhadores durmam confortavelmente em sofás. Telemóveis, tablets e computadores são proibidos.
“Fazer a sesta pode ajudar a melhorar a eficiência de alguém, tal como uma dieta equilibrada e exercício físico”, disse Emiko Sumikawa, membro do conselho executivo da Nextbeat, à agência de notícias japonesa Kyodo. A empresa também pede que os funcionários deixem o trabalho às 21 horas e evitem fazer horas extra, um dos principais fatores que têm contribuído para a morte por excesso de trabalho.
Uma outra empresa até oferece incentivos financeiros para persuadir os funcionários a evitar fazer horas extra e a deitar-se cedo. A Crazy, uma empresa de organização de casamentos, premeia os trabalhadores que dormem pelo menos seis horas por noite com pontos que podem ser trocados por comida no refeitório do trabalho. Ao utilizar uma aplicação para controlar as horas de sono, os funcionários podem acumular pontos no valor de até cerca de 510 euros por ano.
Japoneses são os que dormem menos
Uma pesquisa realizada com equipamentos de rastreio “fitness” em 28 países concluiu que homens e mulheres no Japão dormem, em média, apenas seis horas e 35 minutos por noite – 45 minutos a menos do que a média internacional -, sendo a população mais privada de sono.
As mulheres finlandesas, em contraste, dormem quase uma hora a mais, com uma média de sete horas e 45 minutos. Na Estónia, Canadá, Bélgica, Áustria, assim como na Holanda e França, o tempo de sono é razoavelmente bom, de acordo com a pesquisa.