Já não sei o que pode ser: se é amor ou se é paixão. Desconfio que seja um pouco dos dois.
Quanto mais fugimos, mais a flecha tem força e mira o nosso coração. Não sei o que fazer quando encontro os seus olhos. Fujo deles como quem foge da morte. A parte que precisa morrer em mim para ter você em minha vida é forte o bastante para afastar a minha linha da vida da sua.
Estou tão acostumada a ter relacionamentos pela metade, que fica complicado quando encontramos pessoas que nos completam. Tenho medo de deixar esse casulo onde me escondo para tentar ser feliz do meu jeito.
Não quero apostar as poucas fichas que ainda tenho em um sentimento e um querer ficar perto que pode ser mais uma paixão, mas não o amor de verdade que tanto procuro.
É o seu sorriso, cheio de sol que me encanta e dissipa as nuvens que teimam em cobrir os meus dias. Já vai longe o tempo em que acreditava em amor como esse que me oferece. E se for como as compras que fazemos pela Internet, onde o anúncio não tem nada a ver com a realidade que nos mandam pelo correio?
Quero um pouco de realidade nesse sonho em que tenta fazer com que eu mergulhe. Já não sou uma menininha e ando mesmo como um caracol com a casa nas costas cheia de memórias e experiências que me fazem correr de você.
Respondo o que diz com o silêncio entre as palavras, pois elas me faltam e, na falta delas, quero mesmo é me entregar a esse seu beijo bom que me tira todo o medo.
Mas não a razão me diz: Tenha calma. respira fundo, dê uma volta. Viva a vida mais um tanto e depois, se ainda for amor, venha e me encontre onde nos vimos pela primeira vez. Há sinos a tocar, mas hoje estão calados, como da primeira vez em que a (o) vi.
Quando é amor, cada beijo seu me devolve ao centro do mundo. Dê-me o chão firme para construir o nosso castelo imaginário, onde os seus olhos me observam, a sua boca fala ao meu coração e os seus braços me apoiam quando é preciso.
Quando é paixão, cada beijo seu me tira o chão e, como um tornado, me tira do meu centro e me faz, como num turbilhão, liberta do que me aprisiona.
Quem ama tem medo de que seja só paixão e nada mais. Mas essa noite eu não sei dizer o que pode ser.
A sua falta é sentida como se fosse amor, e na luz da lua que entra pela janela, provoca-me a ansiedade que só sentem os apaixonados.
Já não sei o que pode ser: se é amor ou se é paixão. Desconfio que seja um pouco dos dois.
O que eu faço contigo? O que eu faço agora?
A cidade dorme lá fora e aqui dentro há tanta confusão, que tenho mesmo de me encontrar. De encontrá-lo. De nos encontrarmos.
Vamos aproveitar esse silêncio lá fora para caminhar à beira da praia, e quem sabe as ondas do mar venham nos dizer o que há entre nós e entre o silêncio das palavras, afinal.