Para entender um pouco sobre o comportamento social dos japoneses é imprescindível que a gente entenda o conceito de Honne (本音) e Tatemae (建前). Afinal, o que significa essas duas expressões? Podemos dizer que Honne se refere ao que realmente sentimos e Tatemae significa ocultar esse “sentimento verdadeiro”.
Muitas pessoas podem encarar isso como “falsidade”, pois seria como pensar uma coisa ou ter uma opinião sobre determinado assunto, mas “esconder” perante a sociedade. Mas para os japoneses, honne e tatemae é uma forma de evitar rusgas e discrepâncias desnecessárias, mantendo assim, a harmonia de todo o grupo.
Pode parecer absurdo, pois hoje vivemos em uma era em que as pessoas não tem papas na língua e costumam dizer tudo que vêm à cabeça, sem se preocupar com o outro ou com o meio em que vive. Sinceridade é visto por nós como uma qualidade e de fato é, embora deva ser usado com cautela.
Melhor uma doce mentira que uma dura verdade?
Para os japoneses, mais vale uma “doce mentira” do que uma “dura verdade” e por isso, eles tendem a esconder seus sentimentos verdadeiros e suas opiniões sinceras. Pode soar “falso”, mas é algo inerente à sua cultura. No Japão, a sua postura em público deve estar acima de sua “intenção verdadeira”.
Dessa forma, eles aderem a um comportamento de “fachada” para não demonstrar o que realmente sentem. Devido à essa etiqueta social ou dificuldade de expressar emoções, os japoneses acabam levando a “fama” de serem “frios” ou passando a impressão de serem “insensíveis”.
Outro detalhe é que socialmente, é raro ver um japonês dizendo “não”. Mesmo que internamente queiram dizer, acabam respondendo com um “talvez” ou um “provavelmente”.
Isso porque o “não” pode soar rude e pode comprometer a “harmonia social“, que é muito presente na cultura japonesa.
Essa dualidade entre o que “realmente sentimos” e o que “fingimos sentir” é um tanto complexo não é mesmo?
Mas ao mesmo tempo, é importante aprendermos sobre essa conduta social para que assim possamos interpretar o modo de pensar e as atitudes dos japoneses dentro da sociedade.
Agora posso entender porque os japoneses gostam tanto do Bonenkai (confraternização de fim de ano) e Shinnenkai (confraternização de Ano Novo). Nessas festas, parece que a maioria deles procuram se libertar de todas essas “amarras sociais” que os impedem de serem “eles mesmos”.
E você? O que acha sobre o conceito de Honne e Tatemae? Gostaria muito de “ouvir” sua opinião… mas espero que não seja da forma “tatemae” (de fachada) e sim da forma “honne“, ou seja, a mais sincera possível
Fonte: Japão em Foco