Já percebeu que no geral, o ser humano adora “acumular coisas”? No armário, roupas velhas que não usa a “séculos” e que provavelmente não usará nunca mais. Dentro de caixas e gavetas, uma infinidade de coisas desnecessárias. Nem a geladeira escapa, lotada de alimentos que certamente estragarão, antes que alguém os coma. Esse acúmulo todo acaba se tornando um grande desperdício de espaço.
Não satisfeitos, acabamos comprando mais roupas, que vão dividir o espaço no armário com aquelas roupas velhas que relutamos tanto em nos livrar. E assim, o armário vai ficando repleto de coisas sem utilidade, onde a poeira se acumula e as traças fazem a festa, como se tudo aquilo fosse uma refeição dos deuses.
Nem sempre nos damos conta, que precisamos abrir mão de algumas coisas, para dar espaço para as coisas novas. Com a nossa mente também acontece assim. Com o passar do tempo, acumulamos ideias, opiniões e julgamentos, que obstruem o nosso pensamento e que acaba comprometendo nosso aprendizado e evolução pessoal.
É preciso abrir a mente, ou seja esvaziar a mente de ideias antiquadas, para que assim novos conceitos possam ser observados e aprendidos. Estamos cercados de informação por toda parte… Todos os dias podemos aprender coisas novas e deletar as velhas sem utilidade, que não agregam valor nenhum ao nosso aprendizado.
Como diz a sabedoria zen, o conhecimento é como uma xícara de chá: É preciso esvaziá-la para que possamos derramar mais chá sobre a xícara. Uma xícara cheia não oferece espaço para mais nada e uma xícara vazia não é uma oportunidade desperdiçada. Você pode preenche-la todos os dias e esvaziá-la também, quando necessário. Confira a história real por trás dessa bela filosofia zen.
O Mestre Chinês e a Xícara de Chá
Muitas pessoas conhecem a história de Nan-in, um mestre zen chinês que viveu na era Meiji (1868-1912). Um dia, um professor universitário foi visitá-lo. Ele estava intrigado com a influência que esse mestre exercia nos jovens e da forma como era admirado por sua sabedoria, sensatez, prudência e simplicidade.
Este professor era interessado no Zen Budismo e já havia lido muitos livros a respeito. Durante a conversa, o professor interrompia o mestre com frequência para impor suas convicções, mostrando sua incapacidade de ouvir e aprender as sábias lições que o mestre Nan-in tentava passar através de sua experiência.
Neste momento, o mestre ofereceu-lhe um chá e o serviu com toda calma desse mundo. E mesmo após a xícara estar cheia, o mestre continuou derramando o chá sobre a xícara. O professor não se conteve: “Por acaso, não percebeu que a xícara está completamente cheia e que já não cabe mais nenhuma gota?”
O mestre então, parou de derramar o chá sobre a xícara e disse calmamente: “Assim como esta xícara, o senhor está cheio de opiniões e conceitos pré-estabelecidos. Desta forma, como poderia entrar um novo ensinamento? Como poderei dar-lhe novas ideias e perspectivas, se você não tem espaço pra elas?”
Em seguida, o mestre fez uma pausa por um breve momento e disse-lhe com olhar compreensivo, porém firme: “Se você realmente busca ter conhecimento constante, então tem que esvaziar sempre a sua xícara”. O aluno olhou o mestre perplexo e só então percebeu a veracidade que havia naquelas sábias palavras.
Fonte: Japão em Foco