Recentemente postei um artigo com 10 hábitos japoneses que todos deveriam seguir e aproveitando algumas dicas deixadas pelos queridos leitores, resolvi fazer esse novo artigo, que seria como uma continuação sobre alguns costumes e hábitos japoneses.
Na verdade, a postagem de hoje é sobre algumas coisas que vemos no Japão, mas que não é tão comum ver em outros países. Muitas dessas coisas são baseadas no estilo de vida no Japão e envolvem aspectos culturais e estruturais da sociedade japonesa.
1. Espírito de Coletividade
Uma grande virtude da sociedade japonesa é o seu espírito de trabalho em grupo. Ou seja, o foco da sociedade japonesa está na coletividade ao invés do individualismo, como acontece nos países ocidentais. A harmonia do grupo vem em primeiro lugar e por isso, procuram não fazer coisas que prejudiquem o convívio na sociedade.
Na minha opinião, sem esse espírito de coletividade, o país não teria evoluído e nem se reerguido tão rápido diante de todas as catástrofes que já passou. E olha que foram muitas ao longos dos séculos como fome, miséria, guerras, desastres naturais, etc
2. Paciência e Resiliência
Pra mim, essas são duas qualidades que fazem uma grande diferença em relação ao bom convívio social. Os japoneses são no geral, muito pacientes em situações sociais cotidianas. É raro ver algum deles dando xilique em uma fila de supermercado ou gritando no balcão de um restaurante devido à demora de um pedido por exemplo.
Quando ocorreu o tsunami em 2011, era comum ver pessoas em enormes filas a espera de água e comida, que nem sempre chegava por uma razão ou outra. E nem por isso, ocorreram saques, incêndios em ônibus ou qualquer coisa do gênero.
A resiliência é outra característica da sociedade japonesa. Se refere à capacidade de uma pessoa ou um povo de lidar com os problemas, vencer obstáculos e não ceder à pressão, seja qual for a situação. E os japoneses tem isso de sobra. Enfim, são duas grandes artes que todos deveriam aprender com os japoneses.
3. O Espírito Ganbaru
Ganbaru é um dos verbos mais utilizados no Japão. Basicamente, ele exprime a força de vontade para superar os problemas individuais ou coletivos. Seja no que for, dar o melhor de si e oferecer todo o seu potencial. Na prática, Gambaru significa ter comprometimento com sua tarefa, sem desistir e levando-a até o fim.
Ganbaru também pode ter outras definições como persistência, tenacidade, perseverança e trabalho duro. Esta característica permitiu que o povo japonês superasse várias situações difíceis ao longo dos tempos, que a transformou em um conceito de extrema importância na sociedade e cultura japonesa.
4. A arte de atender bem o cliente
Quem já foi ao Japão, sabe bem como é ótimo atendimento de lá. Seja em um hotel de luxo ou em uma pousada xinfrim, os clientes são recebidos com sorrisos e saudações educadas. Atender bem é uma arte e tem até um nome em japonês: Keigo – Este é um requisito essencial para os japoneses que precisam lidar com o público em geral.
Outro detalhe importante é quando um cliente fica insatisfeito devido a alguma falha no atendimento ou no serviço. Nesses casos, os atendentes fazem de tudo para recompensar o cliente da melhor maneira possível. Só para citar um exemplo, certa vez eu esta em um restaurante, e percebi que havia um “pelinho” na comida.
Chamei o garçom, que imediatamente se curvou, pedindo muitas desculpas. Disse que iria providenciar outro prato e que ambos não seriam cobrados, ou seja, seriam uma cortesia da casa. Fiquei admirada é claro, e percebi que no Japão, a reputação de um lugar é muito mais importante do que qualquer prejuízo eventual.
5. Gorjetas não é um costume no Japão
Embora seja um hábito em diversos países, inclusive o Brasil, dar gorjetas não é um costume no Japão. Aliás, dependendo da circuntância, oferecer dinheiro a um japonês pode deixa-lo constrangido e até ofendido. Simplesmente eles não entendem por que receber dinheiro por um serviço pelo qual já estão sendo pagos.
Ao invés de gorjeta (chamado no Japão de kokorodzuke), os atendentes japoneses se sentem mais gratificados com um generoso “obrigado” e elogios ao seu serviço. Até existe o hábito de dar dinheiro de presente no Japão, mas somente em celebrações como casamentos, aniversários, funerais ou Otoshidama.
6. Dar o troco corretamente
No Japão, o troco é sagrado e cada centavo é devolvido corretamente. Até hoje não entendo por que no Brasil coloca-se preços, cujo troco, mesmo que centavos, não são devolvidos. Outro costume interessante é a cerimônia da contagem do dinheiro que será devolvido (lembrando que isso também faz parte do manual Keigo).
Após contar o troco, o atendente reconta as notas e moedas na frente do cliente. E por último ainda pede para que o cliente confira mais uma vez. Todo esse ritual é realizado para evitar ao máximo que o troco vá errado. Mesmo com todas essas precauções, falhas humanas podem acontecer, portanto é sempre bom checar o troco logo após recebê-lo, evitando desta forma, dores de cabeça desnecessárias.
7. Ser pontual em seus compromissos
Se tem uma coisa que caracteriza a sociedade japonesa no geral é a pontualidade. E não estamos falando somente em relação à serviços ou transportes públicos. Ser pontual é uma marca registrada dos japoneses e a grande maioria deles, procura chegar no mínimo, com 10 minutos de antencedência aos seus compromissos.
Uma pessoa que não é pontual e costuma atrasar-se com frequência não é bem vista. Por isso, se você resolver marcar um encontro, uma reunião ou uma entrevista de emprego com algum japonês, procure não se atrasar e se possível chegue com antecedência, pois caso contrário você corre o risco de perder credibilidade.
8. Acessibilidade para os deficientes
Outra grande característica da sociedade japonesa é a preocupação que eles tem em relação aos deficientes físicos. As calçadas e vias públicas no geral, tem acessos que permitem uma boa mobilidade aos cadeirantes e deficientes físicos.
Tem ainda os adesivos Shougaisha que ajudam a indentificar motoristas ou passageiros portadores de alguma deficiência.
Com isso, os demais motoristas ficam mais atentos e cuidadosos ao volante.
Coisas simples, mas que fazem diferença quando se trata de harmoniar o trânsito em pró do bem estar dessas pessoas.
Na maioria dos locais públicos e estações de trem, existem áreas (escadas, elevadores, passarelas) com pisos com texturas especiais para facilitar a mobilidade de pessoas com deficiência visual. Também há uma gama de produtos escritos em braille que ajudam os cegos a ter uma vida mais independente e com mais qualidade.
9. Chamar um táxi quando bêbado
Resolveu sair à noite para beber com os amigos? Se excedeu e tem consciência de que não tem condições de voltar pra casa dirigindo? Simples, basta chamar o Daikou Unten (代行), um serviço de táxi especial com dois motoristas. Enquanto um se encarrega de levar você, o outro conduzirá seu carro até a residência.
A tarifa por esse serviço não é muito além do valor de uma tarifa comum. Os próprios restaurantes e bares se encarregam de chamar o Daiko Taxi para o cliente quando percebem que ele não tem condições de dirigir, afinal eles sabem que a Lei Seca Japonesa é rigorosa e se acontecer algum acidente com um de seus clientes, eles também serão responsabilizados com multas pesadas ou até prisão, assim como pessoas que estiverem em um carro conduzido por um motorista embriagado.
10. Respeitando a privacidade alheia
Os japoneses de forma geral, são muito discretos e cautelosos no que se refere a exposições públicas. Não costumam falar sobre sua vida pessoal para desconhecidos e ao mesmo tempo não costumam interferir na vida dos outros. Me parece que foi a forma que encontraram para preservar sua preciosa privacidade.
Eu acho esta postura admirável, pois contribui para um relacionamento harmonioso, sem intriguinhas desnecessárias. O lado ruim é que muitos acabam exagerando na dose e passam a se excluir do convívio social, mas quando essa característica é equilibrada, torna-se um exemplo de respeito a si mesmo e ao próximo.