De cara, a ação que parece fazer mais sentido é seguir no sentido contrário do Planeta. Já que a Terra faz seu movimento de rotação de oeste para leste, viajar para o outro lado nos faria encontrar o ponto desejado em bem menos tempo. Certo? Errado!
Por incrível que pareça, é justamente o contrário: é mais rápido chegar ao outro lado do mundo se acompanharmos o movimento de rotação planetário. Como pode?
O que acontece é que, quando a Terra gira, embora o avião não esteja colado na superfície, ele ainda está na atmosfera terrestre e sob os efeitos da gravidade. Assim, viajar contra a rotação causa a ilusão de que estamos indo mais rápido, mas ao mesmo tempo que estamos indo, também tem uma força nos trazendo de volta.
A Terra gira a aproximadamente 1.600 km/h, enquanto a velocidade de um avião normalmente é de 925 km/h. Assim, quando está seguindo para o oeste, ele continua viajando simultaneamente para o leste junto com a Terra, mas mais lentamente — cerca de 675 km/h —, é isso que justifica o fato de os voos que vão contra a rotação chegarem a algum lugar.
É um efeito parecido com o de subir a escada rolante que desce: você chega lá, mas vai demorar mais do que se usar a escada rolante que está subindo.
Outro fator importante a ser considerado são as correntes de jato — grandes túneis de ar formados quando o ar frio encontra o quente. Elas também têm direção e velocidade definidas: no Hemisfério Norte, viajam no mesmo sentido em que a Terra gira, de oeste para leste, e imprimem uma velocidade que fica entre 130 e 225 km/h.
Se o avião está seguindo na mesma direção que as correntes de jato, elas ajudam a impulsionar a aeronave, mas, quando o contrário acontece, atuam como uma força de retenção, diminuindo a eficiência do voo. Por conta disso, acompanhar a Terra no sentido do giro também faz com que as empresas de aviação economizem combustível e dinheiro, além do tempo em si.
E, como as diferenças entre as temperaturas do ar são mais evidentes no inverno, é nesse período que as correntes de jato estão mais rápidas, o que faz com que os voos no inverno no sentido oeste-leste consigam aumentar também sua velocidade.