Cada nação tem mulheres que são lembradas ao longo da história pelo impacto que tiveram em seu país. Hoje nós apresentamos a você algumas mulheres japonesas que desempenharam ou ainda desempenham um papel importante na sociedade japonesa.
Algumas delas são muito admiradas pelo povo japonês, outras alcançaram a fama internacional e são respeitadas fora do Japão também. Na lista, você vai encontrar mulheres que independente da época, tornaram-se uma inspiração nos tempos modernos.
1 – Tomoe Gozen (séculos XII e XIII)
Considerada a samurai feminina mais famosa de todos os tempos, Tomoe contrariou as convenções e insistiu em combater junto a seus companheiros homens da guerra de Genpei, onde seus feitos deram a ela uma posição essencial na defesa da causa japonesa.
Sua habilidade com espadas e arcos era considerada lendária e alguns contos chegam a afirmar que ela era capaz até mesmo de montar cavalos indomados. Ela lutou ao lado de Minamoto no Yoshinaka, por muitos anos antes de ele cair na batalha de Awazu (1184).
Gozen escapou da batalha a pedido de seu mestre. Ninguém sabe o que aconteceu depois, mas é provável que ela tenha cometido o ritual do suicídio (seppuku) já que era conhecida não só pela habilidade no campo de batalha como também por sua lealdade ao mestre.
2 – Mochizuki Chiyome (século XVI)
Esposa do samurai Mochizuki Nobumasa, Chiyome frequentemente ficava aos cuidados do senhor feudal (daimyo, em japonês) Takeda Shingen enquanto seu marido estava liderando forças em batalhas.
Quando ficou sabendo que Nobumasa havia morrido em combate e sabendo dos rumores de que sua protegida seria descendente do clã ninja de Koga, o soberano deu uma missão especial para a viúva. Chiyome ficou responsável pelo recrutamento e treinamento de uma rede secreta de kunoichi (mulheres ninja), que agiriam como agentes secretas.
Além de entregarem mensagens codificadas para aliados do daimyo, elas eram responsáveis por obter informações sobre adversários, seduzi-los para se aproximarem deles e, quando necessário, assassiná-los. Pouco tempo depois, acredita-se que a rede oculta chegou a contar com algo entre 200 e 300 ninjas.
3 – Rainha Himiko (170 d.C)
Himiko foi rainha do Japão durante o século 3, que ainda não era um continente unificado. Seu governo se estendida desde Yamatai-Koku e mais algumas pequenas porções de terra que cercavam a região. Durante este período, Wei era imperador em solo chinês e reconhecia a soberania dela, lhe concedendo o título de “Shingi Wao” (Rainha do Japão, serva de Wei).
É dito que Himiko era uma espécie de profetiza que não era vista em público com frequência. Quando precisava entregar alguma mensagem, aparecia toda de branco, com um tecido vermelho, sakaki (erva sagrada) e joias por todo o corpo, realizando uma dança ritualística. Há registros também de que ela usava espelhos mágicos com poderes místicos.
Existem muitas lendas ao redor de sua figura e poucos documentos chineses possuem relatos sobre sua existência. Sabe-se que Himiko foi enterrada em um enorme túmulo em forma de fechadura com outras 100 servas, além de joias e outros pertences. Porém, como ela é considerada ancestral da atual família imperial japonesa, não é permitido a ninguém que faça escavações no seu túmulo, portanto muitos segredos ainda permanecem guardados.
4 – Murasaki Shikibu (973-1025)
Murasaki Shikibu foi o pseudônimo de uma mulher misteriosa que viveu durante o período Heian. O período foi a Era de Ouro da Corte Imperial e muitas das tradições e culturas do Japão começaram durante este período. Em uma época onde as mulheres eram impedidas de estudar chinês clássico, o pai de Shikubu deu-lhe a oportunidade de estudar com seu irmão.
Considerada uma criança precoce, ela mergulhou nos estudos mas encobriu suas habilidades como adulta, para não incentivar a inveja e o desprezo. Enquanto morava na corte da família imperial, onde servia como dama de companhia à imperatriz Akiko, escreveu um diário combinando as atividades do príncipe fictício Genji com as trivialidades reais da vida na corte.
Tais “contos de poemas” constituíam um gênero de biografias poéticas escritas por mulheres que misturavam ficção e não-ficção para produzir o que é chamado de “prosa japonesa”. Baseando-se em suas próprias experiências pessoais e na vida da corte escreveu O Conto de Genji, considerado o primeiro romance do mundo, escrito entre os anos 1000 e 1012.
5 – Ichiyo Higuchi (1872-1896)
O rosto da nota de 5.000 ienes, Natsuko Higuchi (pseudônimo: Ichiyo Higuchi) foi uma escritora proeminente durante o período Meiji. Embora ela tenha morrido na tenra idade de 24 anos, as obras de Higuchi trouxeram seu reconhecimento como a primeira mulher escritora da era moderna, sendo ainda apreciada pelo público japonês atualmente.
Suas histórias enfocavam as dificuldades das mulheres e dos pobres, contadas em um estilo influenciado tanto pela poesia clássica quanto pela rápida modernização da sociedade em que ela vivia. Ela teve um período de trabalho relativamente curto como resultado duma vida pouco longeva, suas histórias tiveram grande impacto na literatura japonesa.
6 – Umeko Tsuda (1864-1929)
Nascida em Tóquio, Tsuda Umeko foi pioneira da área que ajudou a sedimentar o ensino para o público feminino no país no século 20. Com 8 anos de idade, ela foi uma das primeiras mulheres japonesas a estudar no exterior. Ela recebeu educação primária e secundária nos EUA e retornou ao Japão em 1882.
Depois de ter sido professora no Kazoku Jogakko, ela foi para os Estados Unidos novamente em 1889 para estudar como estudante especial em biologia no Bryn Mawr College. Depois de terminar seus cursos e retornar ao Japão em 1892, ela começou a ensinar novamente no Kazoku Jogakko e na Higher Normal School for Women.
Ela fundou aJoshi Eigaku Juku (Escola de Inglês para Mulheres, mais tarde Tsuda College em 1900 para promover a aprendizagem e educação em inglês que respeitava a individualidade. Umeko Tsuda é considerada uma das poucas filantropas japonesas de sua época a se concentrar em esclarecer as mulheres e melhorar seu status através da educação.
7 – Misako Shirasu (1910- 1998)
Misako Shirasu foi uma escritora, cujos escritos ajudaram a definir arte, beleza e design no Japão do pós-guerra. Shirasu apreciou a estética simples e viu uma forte relação entre natureza e arte. Além disso, ela foi uma defensora do conceito japonês wabi-sabi, que descreve a beleza da imperfeição. Suas idéias continuam a influenciar a estética moderna de hoje.
Shirasu começou a estudar teatro Noh aos quatro anos e aos 14 anos tornou-se a primeira mulher a se apresentar no palco do Noh. Frequentou uma escola preparatória nos EUA e ao retornar ao Japão, casou-se e, em 1942, ela e o marido mudaram-se para uma casa longe de possíveis alvos de bombas durante a fatídica Segunda Guerra Mundial.
Acredita-se que este foi neste momento que ela começou a apreciar o modo de vida simples e austero e onde se tornou defensora da estética e do design simples no ambiente da natureza. A fazenda onde ela e seu marido viviam, chamada Buaiso, é agora um museu aberto ao público.
8. Akiko Yosano (1878-1942)
O nome verdadeiro de Akiko Yosano era Shō Hō. Ela era poeta, autora, pacifista, reformadora social e ativista pioneira nos últimos períodos Meiji, Taishō e início da Shōwa. Ela foi uma das mais renomadas e controversas poetas pós-clássicas do Japão.
É também considerada uma das primeiras feministas do país Sua poesia tanka se caracterizava por sua originalidade e logo tornou-se inspiração para as pessoas de sua época. Ao longo de sua carreira, Yosano foi atacada por ser pacifista e anti-guerra, e em seus últimos anos ela não teve medo de criticar a sociedade e falar sobre o status das mulheres.
9 – Chiaki Mukai (1952-~)
O astronauta da JAXA e cirurgiã cardiovascular Chiaki Mukai se tornou a primeira mulher japonesa a ir ao espaço em 1994. Depois de uma segunda missão em 1998, ela também se tornou a primeira pessoa japonesa a participar de dois vôos espaciais separados. “Ver a linda Terra me deixou muito orgulhosa de fazer parte dela”, disse Mukai sobre seu tempo no espaço.
Ela participou de duas missões de ônibus espaciais: uma a bordo do ônibus espacial “Columbia” em 1994 e a outra a bordo do “Discovery” em 1998. Mukai voou com o senador norte-americano John Glenn, 77, a pessoa mais velha a ir para o espaço. Seu lançamento foi coberto ao vivo pela TV nos EUA. É reconhecida como uma das apenas 58 mulheres que voaram no espaço e por incentivar as meninas a ingressar em carreiras científicas.
10 – Kimie Iwata (1947-~)
Iwata é uma rara executiva no Japão, onde, de acordo com o Gender Equality Bureau, menos de 1% dos executivos das principais empresas japonesas são mulheres. Depois de se formar na Universidade de Tóquio em 1971, Iwata se juntou ao Ministério do Trabalho, onde, em meados da década de 1980, ajudou a criar a Lei de Oportunidades Iguais de Trabalho.
Ela se juntou à Shiseido, a maior empresa de cosméticos do Japão e a quarta maior do mundo em 2003 e atuou como Diretora Corporativa e Vice-Presidente Executiva por quatro anos até 2012. A Iwata estimulou o talento feminino na Shiseido e defende uma empresa mais amigável com as mulheres no Japão. Ela também participou como Chefe Representante do Working Women’s Empowerment Forum e é membro do Conselho de Igualdade de Gênero.
11 – Marie Kondo (1984-~)
Marie Kondo é uma escritora, empresária e especialista em organização pessoal que ficou internacionalmente conhecida devido ao seu método “KonMari” que visa incentivar as pessoas a se perguntarem se seus pertences “despertam alegria”. Ela foi declarada como uma das “100 pessoas mais influentes da revista TIME” em 2015.
Marie Kondo escreveu quatro livros sobre organização pessoal, que venderam milhões de cópias e foram traduzidos do japonês para mais de 40 idiomas, incluindo coreano, chinês, indonésio, alemão, sueco, português, espanhol, francês e inglês.
Um de seus livros, The Life-Changing Magic of Tidying Up (2011) foi publicado em mais de 30 países, se tornando best-seller no Japão e na Europa. Seus dois principais livros foram lançados no Brasil com os títulos A Mágica da Arrumação e Isso Me Traz Alegria.
12 – Yayoi Kusama (1929-~)
A artista de vanguarda Yayoi Kusama é natural de Matsumoto-shi, Nagano Ke. Ela teve grande influência na cena artística de Nova York dos anos 1960, mas só recentemente chegou ao mainstream devido à popularidade de suas instalações e esculturas públicas extravagantes. Seu estilo idiossincrático com seu padrão de bolinhas é inconfundível.
A criatividade ela atribui aos seus transtornos mentais que a perseguem a muitos anos. Kusama sofre de esquizofrenia, que a faz ter uma percepção e uma visão diferente da realidade em que vive e ao TOC por bolinhas e pontos que tornaram-se uma verdadeira obsessão.
Fonte: Japão em Foco