Imagine que por alguma razão maluca, nós, terráqueos, chegamos à conclusão de que estamos cansados de olhar para a Lua todos os dias e decidimos que a melhor coisa a fazer é destruí-la em uma explosão épica. Como, afinal, faríamos uma coisa dessas?
Segundo Dave Harfield, do portal How It Works, para começar, já que a intenção é a de dar um fim na Lua, não ia adiantar muito se simplesmente explodíssemos o satélite em milhões de pedaços. Isso porque, com o tempo, os fragmentos lunares acabariam se fundindo novamente, formando outra lua — não tão bela ou redondinha como a atual, mas que possivelmente exerceria o mesmo efeito gravitacional sobre nós.
Obliteração lunar
De acordo com Harfield, para nos livrarmos da Lua de uma vez por todas, teríamos que pulverizá-la por completo. Pois, nesse caso, seria necessário muito empenho e uma quantidade absurda de explosivos para conseguir essa proeza — cerca de 30 trilhões de megatons de TNT ou algo que fosse 600 bilhões de vezes mais potente do que a Tsar Bomba, a bomba nuclear mais poderosa já criada pelo homem.
Bem, digamos que nós conseguimos reunir esses explosivos todos, os carregamos em uma porção de foguetes, posicionamos todos ao redor da Lua, e os deixamos prontinhos para disparar. Então, alguém dá a ordem aqui da Terra e… boom! O nosso bom e velho satélite é reduzido a poeira lunar. E aí, o que aconteceria depois?
Segundo Harfield, os fragmentos lunares seriam pequenos demais para coalescer e, portanto, começariam a se espalhar. Primeiro, uma boa parte desses pedaços de Lua começaria a cair aqui na Terra, fazendo o maior estrago, destruindo cidades e até devastando países inteiros. Depois, o material que continuaria no espaço começaria a orbitar ao redor do nosso planeta, formando um enorme anel — tipo os de Saturno.
Anel terrestre
O problema é que, assim como ocorre em Saturno, ter um anel — composto por bilhões de partículas com tamanhos que variam de grãos de areia a fragmentos tão grandes como montanhas — ao redor do planeta significa que a Terra seria constantemente bombardeada por objetos que escapariam periodicamente e colidiriam contra a superfície.
Além disso, de acordo com Harfield, a Lua também serve de escudo de proteção para nós, evitando que algumas rochas espaciais nos atinjam — e prova disso são as crateras que cobrem a superfície do satélite. Portanto, sem ela, o nosso planeta ficaria mais vulnerável.
Calmaria e calamidade
Outro efeito da falta da Lua seria ausência de ondas na Terra. Como você sabe, um dos fenômenos mais evidentes da ação do satélite sobre o nosso planeta são as marés — e sem a Lua por perto, os oceanos se tornariam muito mais tranquilos. O pior é que isso não afetaria apenas a diversão dos surfistas, que teriam que se contentar com as ondinhas formadas pelas marés solares. A “serenidade” prejudicaria grandemente a vida marinha.
Sem o movimento das marés, muitos animais teriam dificuldades enormes para se locomover pelos mares, sem falar que a circulação de nutrientes cessaria e, com o tempo, milhares — e até milhões — de espécies entrariam em extinção.
Agora, voltando alguns bilhões de anos, até a época em que a vida começou a surgir na Terra, foram as poças de maré — formadas pela ação da Lua — que permitiram que as primeiras criaturas “saltassem” de uma poça a outra e se espalhassem pelo planeta. Então, a ausência do nosso satélite não só levaria ao desaparecimento de milhares de espécies, como também tornaria seu ressurgimento incrivelmente difícil.
E isso não seria tudo: a Lua também exerce influência sobre a órbita, movimento de rotação e a variação no eixo de rotação do nosso planeta. Portanto, segundo Harfield, sem o satélite para estabilizar as coisas aqui na Terra, o nosso mundo começaria a “bambolear” cada vez mais sobre o próprio eixo, as estações do ano se tornariam caóticas e a nossa órbita ao redor do Sol passaria a ser muito mais elíptica, instável e descontrolada.
Em suma… nunca, jamais, deixe alguém convencer você de que pulverizar a nossa incrível e inestimável Lua seria uma boa ideia. Se ela, por azar, deixar de existir um dia, toda a vida do planeta desaparecerá com ela.