Se você gosta de origami, então deve conhecer a história de Akira Yoshizawa, aquele que embora não tenha “inventado” o origami, é reconhecido como “grande mestre do origami” ou “pai do origami moderno” devido ao seu belo e extenso trabalho na criação dessa bela arte, que ajudou a difundi-la para o resto do mundo.
De acordo com uma estimativa em 1989, ele criou mais de 50 mil modelos, das quais apenas algumas centenas de projetos foram diagramados em seus 18 livros. Yoshizawa atuou como um embaixador cultural internacional no Japão ao longo de sua carreira.
Em 1983, o imperador Hirohito nomeou-o com a “Ordem do Sol Nascente”, uma das maiores honrarias que pode ser dado a um cidadão japonês.
Por mais de meio século Akira Yoshizawa foi o origamista mais famoso do mundo. Ele foi pioneiro em utilizar o origami como uma arte criativa e criou muitas novas técnicas de dobradura. Criou um sistema de notação simbólica que agora é usado no mundo todo, permitindo que os entusiastas e aprendizes consigam dobrar seus modelos publicados nos livros, mesmo sem entender japonês.
Em 1963, o Jornal Origamian o descreveu como “uma lenda em sua própria vida”, e sua carreira alcançou novas alturas nas décadas seguintes. Akira Yoshizawa nasceu em 14 março de 1911 e faleceu em 14 de março de 2005, aos 94 anos.
Este ano, seria o seu 107° aniversário se estivesse vivo, mas sempre é lembrado por seus fãs e homenageado inclusive pelo Google Doodle.
História de Akira Yoshizawa
Akira Yoshizawa nasceu em 1911 e vivia humildemente em Kaminokawa, província de Tochigi, onde seu pai trabalhava como agricultor. Desde bem pequeno ele já demonstrava aptidão para a arte da dobradura Aos 13 anos ele se mudou para Tóquio e começou a trabalhar em uma fábrica, mas nem por isso, se descuidou dos estudos. Passou a frequentar aulas noturnas.
Aos 20 anos, ele ganhou uma grande oportunidade quando foi promovido a desenhista técnico na fábrica e uma das suas funções era ensinar geometria para os novatos. Passou a usar o origami como uma espécie de instrumento de ensino.
Seus patrões ficaram tão impressionados com a sua destreza nessa arte, que permitiram que ele praticasse origami até mesmo na hora do serviço.
Em 1937, aos 26 anos, Yoshizawa saiu da fábrica para se dedicar em tempo integral ao seu hobby de infância, o origami. Ele ganhava a vida fazendo bicos em tempo parcial, quando necessário, até a eclosão da guerra, quando ele se juntou à equipe médica para auxiliar os feridos. Nem assim, abandonou sua arte, pois ele decorava as camas dos pacientes com origamis feitos com papel coloridos.
Em 1944, algumas de suas criações foram usadas em um livro chamado Origami Shuko, de Isao Honda, porém seu primeiro reconhecimento como origamista veio de verdade em 1951, quando Tadasu Iizawa, editor da revista Asahi Graph, queria ilustrar uma página com signos zodiacais em origami.
Iizawa procurou por Yoshizawa e encontrou-o trabalhando como vendedor de porta em porta de tsukudani, um condimento feito de peixe. Sua situação era precária – Ele só tinha a roupa do corpo, um uniforme de quando serviu o exército durante a guerra e vivia em condições de extrema pobreza.
Abraçando a nova oportunidade que a vida estava lhe dando, Yoshizawa aceitou o novo emprego e ganhou roupas novas e diárias em hotel, pagos pela editora. Trabalhou dia e noite para desenhar os diagramas dos 12 signos do zodíaco. O artigo, publicado em janeiro de 1952, causou verdadeiro furor e Yoshizawa a partir de então, começou a trilhar de verdade, sua trajetória de fama e sucesso.
Após o sucesso desse livro, Yoshizawa saiu definitivamente da pobreza e foi seguido de perto por ninguém nada mais nada menos que o fundador do Centro Internacional de Origami em Tóquio. Sua primeira exposição no exterior foi organizada em 1955 por Felix Tikotin, um arquiteto holandês de origem judaico-alemã, colecionador da arte no Museu Stedelijk.
O inusitado é que Yoshizawa nunca quis vender os seus origamis, pois para ele era como se fossem seus filhos. Ao invés disso, ele preferia doá-los para as pessoas e também emprestou muitos de seus origami para exposições de outros origamistas em outras partes do mundo. Isso, só mostra o quanto Yoshizawa era generoso.
A explicação pode estar nos dois anos que estudou em um monastério budista, um pouco antes da guerra. Embora, não entrado em um mosteiro, ele permaneceu um homem devoto e religioso, que acabou influenciando em sua maneira de ser. Antes de iniciar uma sessão de dobradura, por exemplo, ele sempre costumava rezar.
Embora seu foco não fosse vender suas obras, Akira Yoshizawa se garantiu financeiramente através das vendas dos seus 18 livros que ele publicou ao longo da sua carreira e também pelas aulas que ele ministrava junto com a sua esposa, Kiyo, que o ajudava também a gerenciar sua vida de artista requisitado que era.
Akira Yoshizawa morreu em 14 de março de 2005, dia em que estava completando 94 anos. Ele estava internado em um hospital perto de sua casa em Ogikubo, subúrbio de Tóquio. A causa da morte foi devido a complicações por causa de uma pneumonia.
Realmente uma grande perda para o mundo das dobraduras, mas com certeza será lembrado sempre como o “Pai do Origami Moderno”.
Técnica de Origami – Wet Folding
Akira Yoshizawa foi pioneiro em diferentes técnicas de origami, mas o Wet Folding é uma de suas contribuições mais significativas para o mundo do origami.
Esta técnica implica em deixar o papel umedecido para facilitar as dobras, resultando em modelos de origami com uma aparência mais esculpida, realista e 3D, o que fez mudar o tradicional origami para algo com caráter artístico.
Sistema Yoshizawa-Randlett
Antes de Akira Yoshizawa implantar esse sistema para ensinar cada passo de determinado modelo de origami, existia um padrão antigo, utilizado desde 1797, o Senbazuru Orikata. Entretanto os diagramas eram confusos e deixavam incertezas sobre os passos. Em 1954, porém, Akira Yoshizawa criou o sistema Yoshizawa especialmente para o seu livro Atarashi Origami Geijutsu (Nova Arte de Origami).
Nesse novo sistema de diagramação para facilitar o entendimento dos aprendizes, ele incluiu linhas pontilhadas, tracejadas, além de símbolos, como as marcações para “inflar” e “redondo” e muitos outros. Mais tarde, Samuel Randlett e Robert Harbin, acrescentaram mais alguns símbolos para deixar o sistema ainda mais completo e hoje é usado no mundo todo.
Principais obras publicadas:
• Atarashii Origami Geijutsu, 1954
• Origami Reader I, Ryokuchi-Sha, 1957
• Dokuhon, Vol.1 (Origami Tokuhon), 1973
• Sosaku Origami (Creative Origami), Nippon Hoso Kyokai, 1984
• Dokuhon, Vol.2 (Origami Tokuhon), 1986
• Origami Dokuhon II (Origami Reader II), Kamakura Shobo, 1986
Vídeos com algumas obras de Akira Yoshizawa
Passo a passo de uma rosa de Akira Yoshizawa
(criação de Akira Yoshizawa – Tutorial de Tadashi Mori)
Passo a passo de origami de borboleta
(criação de Akira Yoshizawa – Tutorial de Rob Word)