Da ascensão ao ocaso, os samurais moldaram valores que ainda são caros aos japoneses da atualidade. Nas narrativas sobre os guerreiros, ficção e realidade se misturam para aumentar o mistério em torno deles. Menos comentado é o papel das mulheres que pertenciam a essa classe dos guerreiros.
Denominadas Onna-Bugeisha, elas raramente aparecem em textos antigos. As histórias priorizavam clãs e guerreiros do sexo masculino. No entanto, essas mulheres treinavam o manuseio de espadas e costumavam ser nomeadas Jitō (“cabeça da terra”), nome dado a pessoas que cuidavam e protegiam as terras enquanto os homens estavam ausentes.
Durante os períodos Heian e Kamakura, entre os séculos 8 e 14, as guerreiras ajudaram a colonizar novos territórios – e, consequentemente, se envolviam em lutas. Para tanto, elas treinavam o uso das notórias naginatas. Era esperado, por exemplo, que elas protegessem as aldeias e principalmente suas famílias. No final do período Heian, uma mulher em particular ganharia notoriedade. Era Tomoe Gozen.
Grande parte do que se sabe sobre Gozen vem dos relatos presentes na crônica Heike monogatari (“O Conto dos Heike”), que narra a guerra de Genpai. De acordo com a obra, a combatente era uma excelente arqueira e domava cavalos selvagens sem dificuldade. Suas habilidades ganharam ênfase durante a batalha de Yokotogawara, conflito no qual matou sete samurais. Em outros combates liderou exércitos bem-sucedidos. Foram tantas façanhas que Tomoe se tornou um dos símbolos das guerreiras.
Assim como os samurais homens, as mulheres guerreiras perderam espaço no século 19, com a Restauração Meiji, que tirou o poder dos xoguns e o devolveu à família real. O novo governo, controlado por burocratas da oligarquia que havia derrubado o xogunato, iniciou uma série de reformas para modernizar o Japão e formar exércitos organizados à moda ocidental.