O ministro do Ambiente do Japão defendeu esta terça-feira que a única solução para eliminar a água radioativa de Fukushima será despejá-la no Pacífico. Atualmente a antiga central japonesa armazena mais de um milhão de toneladas de água contaminada devido ao desastre nuclear de 2011. No entanto, o espaço disponível de armazenamento vai acabar em 2022.
“A única opção vai ser drená-la [a água radioactiva] para o mar e depois diluí-la”, assegurou o ministro do Ambiente japonês, Yoshiaki Harada, durante uma entrevista em Tóquio.
“Despejar a água no oceano é a opção menos cara e mais rápida e estamos convencidos de que o Japão fará esta escolha. Quando chegar ao oceano, vai seguir a corrente marítima e espalhar-se por toda a parte, inclusive no mar do leste da Coreia do Sul”, ressalvou a representante sul-coreana da Greenpeace, Mari Chang.
“Acreditamos que vai ser necessário esperar 17 anos para que essa contaminação radioativa se dilua e atinja um nível seguro nas águas do mar”, afirmou Mari Chang.
Preocupada com a situação, a organização não-governamental ambientalista, Greenpeace, decidiu emitir um apelo internacional para tentar travar os japoneses.
“Os sul-coreanos estão muito preocupados. Precisamos do apoio da comunidade internacional para travar o Governo japonês. É um problema do interesse de todo o mundo“, assegurou.
De Chernobil a Fukushima
O desastre de Chernobil, em 1986, foi considerado o acidente nuclear mais catastrófico da História, mas as sucessivas explosões em Fukushima não ficaram muito atrás.
Em março de 2011, a antiga central nuclear foi atingida por um terramoto de magnitude 8,7, na escala de Richter, e depois por um tsunami. Com o impacto, o sistema de arrefecimento ficou gravemente danificado e os técnicos japoneses foram obrigados a adotar medidas alternativas como a injeção de água do mar nos reatores. Ainda assim, não foi suficiente. A falha na central tornou-se irreversível e, na manhã seguinte, três dos seis reatores nucleares explodiram devido à falta de líquido de arrefecimento.
Apesar de estarem desativados, a falta de liquido de refrigeração levou à fusão parcial do núcleo em três dos reatores. Muitos incêndios eclodiram dentro do Reator 4; uma explosão danificou um outro. As explosões de hidrogénio chegaram a destruir o revestimento superior do local onde estavam armazenados os reatores. Os níveis da radiação expelida obrigaram a uma evacuação total num raio de dois mil quilómetros.
Contudo, os reservatórios de água começam a ficar lotados e parece ainda não haver uma solução ideal para o problema.
A empresa já tentou remover os núcleos, mas ainda não existe tecnologia que permita retirar os átomos radioativos da água.