“O movimento ‘My Home’, que aconteceu no Japão nos anos 60 ou 70, partiu da ideia de que para ter um lar completo era necessário ter um jardim e um cachorro”. No início, a maioria dos proprietários davam preferência por cães “nacionais”, da raça nativa Akita ou Shiba Inu. Nessa época, os gatos ainda não eram tão populares como vemos nos dias de hoje.
A vontade de adotar outras raças de cães surgiu após o lançamento do filme japonês Nankyoku Monogatari (Antarctica), de 1983, estrelado por um elenco de 17 huskies. A avalanche de famílias clamando por um husky era sem precedentes. “Só que eles não imaginavam o quão grande ficariam após um ano ou dois, e muitos deles foram devolvidos ou descartados”.
Ultimamente, tem crescido o interesse em cães de pequeno porte como Dachshunds, poodles ou Chihuahuas. Existe um grande comércio de animais de estimação no Japão e o que muita gente não sabe é que por atrás deste comércio, existe a yakuza, a máfia japonesa.
Eles têm dinheiro e meios para trazer uma variedade exótica de animais e atender às demandas. E estão infiltrados em todas as facções das comunidades locais, nos pet shops e nos criadouros e tem as “costas quentes” em relação à polícia e governo local.
O triste destino dos pets abandonados no Japão
No Japão, muitas pessoas tem o hábito de comprar um filhote de determinada raça que está na modinha ou em evidência naquele momento. Muitas raças como Dachshunds, Chihuahuas, Shih-tzus e terriers já tiveram seus 15 minutos de fama no país. No final dos anos 90, por exemplo houve muita procura por dálmatas, graças aos filmes da Disney.
Mas assim como uma roupa que sai de moda, muitas pessoas acabam descartando seus animais de estimação. Segundo Elizabeth Oliver que trabalha na ARK (Animal Refuge Kansai) os abrigos de proteção animal recebem cerca de 200 animais por dia.
O problema é que uma vez que um animal vai para um abrigo ele tem cerca de três a sete dias para ser adotado antes que o abrigo decida seu destino, ou seja, a eutanásia. O motivo? Superlotação. Estima-se que cerca de 11% dos animais recebidos nos abrigos conseguem ser adotados. Isso significa que os outros 89% provavelmente terão um triste fim.
E infelizmente o método de eutanásia utilizado pela maioria de abrigos no Japão é por intoxicamento por monóxido de carbono. O Tokyo Zero, um dos grupos por trás da campanha “No Kill” estima que quase 311 mil cães e gatos tenham sido abatidos assim em 2014.
Organizações sem fins lucrativos de proteção animal
É por isso que os grupos de defesa dos animais são tão essenciais no Japão. Elizabeth Oliver fundou a ARK em 1990, inspirada pelo falecido Rotraut Bomford, fundador da JAWS (Japan Animal Welfare Society). Desde então, Oliver vem incansavelmente lutando para proteger os animais e ajudando na conscientização das pessoas em relação ao bem estar animal.
Cerca de 90% de todos os animais de estimação no Japão são comprados em lojas de animais, mas graças à ARK e outras organizações sem fins lucrativos, as coisas estão mudando lentamente. Em 2013, o slogan “A dog is for life” (Um cachorro é para a vida) e logo depois a campanha “No Kill” (Não Mate!) da ONG Tokyo Zero ganharam fôlego.
De acordo com o site Statista, no ano de 2015, 16 mil cães foram sacrificados, número significativo no entanto bem menor do que nos anos anteriores. Só para você ter uma ideia, em 2006 o número ultrapassou 110 mil. Esperamos que esse problema possa tornar-se mais brando ao longo dos anos, educando a população para que não compre por impulso ou melhor ainda, que adote um pet e tenha a responsabilidade de cuida-lo até o fim dos seus dias.
Essas organizações como a ARK, a Tokyo Zero e a TNR- Felinos Japan tem feito um trabalho maravilhoso e se você é um defensor das causas animais pode apoiar essas entidades através de doações ou outras formas de contribuição. Abaixo deixarei alguns links:
http://tokyozero.jp/
http://www.arkbark.net/en/
https://www.npotnr.org/
http://www.arcj.org/en/
http://www.nipponspca.com/en/
http://api.worldanimalprotection.org/country/japan