O Frigorífico Notable está um tanto decepcionado com a dificuldade de fazer crescer seus embarques de carne suína para os mercados de maior valor agregado. E não é por falta de produto e de demanda, mas pela resistência de japoneses e sul-coreanos a pagar melhores preços.
Para um frigorífico de porte médio, que se preparou com gastos para abrir esses mercados exigentes – e cujo acesso está com no máximo sete empresas brasileiras – não é fácil absorver os custos advindos dos cortes especiais.
Edson Wiggers, presidente do frigorífico catarinense, lembra que os “cortes mais lapidados” exigem mais trabalho e, em paralelo, “aumentam as perdas”, com sobras, o que não acontece quando se vende carcaça convencional.
“Deveríamos ganhar de 20% a 30% sobre a cotação do corte convencional ‘lista geral’, mas, no máximo, os importadores nos pagam 10%”, explica o proprietário do Notable, para quem a situação tem potencial para se repetir mesmo em mercados de carne comum.
É o caso dos chineses atualmente, que estão endurecendo negociações com fornecedores de todas as proteínas animal.
Posto em Hong Kong, referência, a tonelada dos cortes suínos comuns está em torno de US$ 2,2 mil, com base nas cotações desses dias.
Diante disso, a empresa do município de Grão-Pará tem mandado de dois a três contêineres (24,5 toneladas cada) mensais para Coreia do Sul e Japão, quando o potencial poderia ser muito maior.
Agora, um novo importador japonês apareceu e, ontem (13), Wiggers enviou sua tabela. Vai aguardar, inclusive porque, num tom mais otimista, acredita que, passado mais tempo das relações comerciais com esses mercados, os negócios possam fluir com valores mais satisfatórios.
O Frigorífico Notable começou exportar para o Japão em setembro passado e, um mês depois, para a Coreia do Sul, após longo tempo de espera pelas tradicionais habilitações das autoridades sanitárias.