Faltam pouco mais de 150 dias para os Jogos Olímpicos de Tóquio e muitos brasileiros se preparam para visitar o Japão nesse período tão especial. A competição será realizada entre 24 de julho e 9 de agosto e tem um custo alto para o torcedor nacional, não apenas por causa da distância entre os dois países, mas também pela valorização do dólar nos últimos meses.
Mami Fumioka, vice-presidente da Quickly Travel, uma das revendedoras autorizadas de ingressos para a Olimpíada no Brasil, explica que um pacote de seis noites custa a partir de US$ 5.400 (cerca de R$ 23,3 mil). “O custo de vida é alto no Japão, mas existem várias dicas que a gente dá para o passageiro. Se for comer em restaurantes caros, vai gastar mais. Em lojas de conveniência dá para comer bem por US$ 5 a 10 (R$ 21 a 43). É preciso buscar dicas para viajar mais barato”, disse.
Ela lembra que a principal preocupação dos viajantes neste momento é com a epidemia de coronavírus na China, país próximo ao Japão. “Lembro que em 2016 tivemos problema igualzinho com zika vírus e durante oito meses foi um pânico, vinha muita pergunta dos japoneses que queriam vir para os Jogos do Rio sobre isso. No final deu tudo certo. Existe também temor com o preço do dólar, mas o público brasileiro já tem ideia de valores”.
Naquela edição, a empresa fez o receptivo para os torcedores orientais no Brasil. Agora está realizando o caminho inverso e levando brasileiros para Tóquio. “O Japão é muito precavido. Eles são extremamente organizados e as pessoas que estão com gripe usam máscara. O máximo de cuidado está sendo tomado. De fato o problema existe, é uma gripe, pois na Ásia é inverno agora. Mas a tendência é melhorar”.
Apesar desses problemas, Mami revela que os Jogos de Tóquio estão tendo uma procura boa pelos torcedores. “O público da Olimpíada é de amante do esporte, ou de praticante, ou é campanha de empresa que leva ganhadores, e também existem muitas pessoas que são fanáticas por Olimpíada. A modalidade mais procurada é o futebol, depois vem tênis, vôlei (de quadra e praia), e os novos esportes, como o surfe e o skate”, afirmou.
Um torcedor que já tem tudo preparado para estar em Tóquio durante a Olimpíada é o médico Rubens Tofolo Junior. Ele foi um dos criadores do grupo Chapolins Torcedores, famoso por empurrar os atletas nacionais em eventos esportivos. “Tóquio vai ser a Olimpíada mais cara de todos os tempos. Somos 15 pessoas e a gente não vai conseguir ver tudo que gostaria”, lamentou. “É minha quinta Olimpíada e nunca vi tão cara”.
Recentemente, ele passou três semanas no Japão e conseguiu alugar o espaço onde o grupo vai ficar. “Conseguimos essa casa após alguns contatos. Vamos ficar em sete flats em um condomínio, durante 19 dias, por US$ 20 mil (R$ 86,5 mil)”, afirmou Rubens, que lamentou não ter conseguido ainda ingressos para esportes coletivos.
Confira 10 dicas:
Veículos – “Táxi é impossível pegar, é muito caro. Inclusive, Uber é mais caro ainda. Um táxi do aeroporto de Narita para Shibuya é mais ou menos R$ 500. É um meio de transporte para rico, só usaria em situação de emergência”, explicou.
Metrô – O torcedor conta que o metrô cobra por cada baldeação. Por isso, tem uma dica preciosa. “Para quem vai, vale a pena comprar o cartão mensal PASMO, que custa por volta US$ 150 dólares por todo esse período”, disse.
Postura – O médico lembra que dentro do metrô de Tóquio é proibido falar ao celular e bater fotos. Pode apenas ouvir música com fone e digitar para alguém. “O metrô é muito cheio das 7h às 9h30 e de 18h às 20h, nos horários de pico. Para ver uma competição, é bom chegar antes porque vai ter fila no metrô”, avisou.
Respeito – “Os japoneses são muito pontuais para horários marcados, a tolerância é de 5 minutos no máximo. Tem vagão só para mulheres, pois existe muitos casos de assédio no metrô. Lá, a mão é para esquerda, então se sobe a escada pela esquerda e deixa a direita livre. Eles se aborrecem com falta de etiqueta”, comentou.
Alimentação – “A comida é cara em Tóquio, de R$ 100 para cima se for para sentar em restaurante. Tem muitas lojas de conveniência que dá para comprar a comida, esquentar e comer na rua. Isso fica em torno de 20 reais. Quem não quer gastar, é a melhor opção. Tem ainda restaurantes mais baratos que mostra as fotos do prato na entrada, você escolhe, pega o tíquete, o serviço é agilizado e mais em conta”, contou.
À mesa – “Em um restaurante, o ideal é que não se chame o garçom, ele vem à mesa. Também não pode entregar o dinheiro na mão da pessoa, tem de colocar no prato. Também não se dá gorjeta, isso é ofensivo para eles”, afirmou.
Grana – Apesar de Tóquio ser uma cidade bastante tecnológica, ainda existem locais que não aceitam cartão de crédito. Por isso é sempre bom andar com uma quantia razoável de ienes na carteira.
Culinária – O torcedor conta que existem três tipos de macarrão mais famosos no Japão: o lamen, o soba e o udon. “A diferença está na espessura. Também vale experimentar a okonomiyaki, famosa panqueca japonesa, e tomar cerveja e uísque japoneses, que são muito bons”, disse.
Experiência – Um dica do médico é tentar ir ao famoso banho japonês, que oferece a sensação de voltar no tempo. “Você recebe um quimono, tem lugar para comer, é curioso. Lá, a média que se vai gastar em diversão não sai por menos de R$ 100”, explicou.
Aplicativo – Uma ferramenta que pode ser útil ao turista que viaja ao Japão é um programa para celular, o 73eats, que traduz o cardápio em Kanji. Um detalhe é que símbolo azul mostra que o prato é frio e símbolo vermelho indica que é quente.