O SoftBank Group anunciou nesta segunda-feira 18 que Jack Ma, co-fundador da gigante chinesa de comércio eletrônico Alibaba, renunciou a uma cadeira no seu Conselho de Administração. A decisão acontece após a empresa japonesa dizer que estava se preparando para dobrar o dinheiro gasto na recompra de suas próprias ações.
O duplo anúncio ocorreu poucas horas antes de o SoftBank anunciar a maior perda anual da história da empresa, impulsionada em grande parte por seu investimento na WeWork e em outras empresas relacionadas à tecnologia que foram duramente afetadas pela pandemia do coronavírus.
Masayoshi Son, executivo-chefe do SoftBank, foi um dos primeiros investidores do Alibaba. Sua participação inicial de US$ 20 milhões passou a ser avaliada em mais de US$ 100 bilhões, o que fez dela uma das participações mais valiosas da empresa japonesa. O SoftBank usou esses ativos como garantia para ajudar a se transformar de uma empresa de telecomunicações no maior e mais poderoso investidor em tecnologia do mundo.
Através do Vision Fund de US$ 100 bilhões da empresa, financiado em parte com fundos de fundos soberanos de Arábia Saudita e Abu Dhabi, Son investiu enormes quantias de capital em startups de ponta e muitas vezes arriscadas, empresas que ele acredita que têm o potencial de monopolizar efetivamente indústrias inteiras.
Essa visão foi desafiada no ano passado pela implosão espetacular da WeWork, a empresa imobiliária adjacente à tecnologia, sobre alegações de má administração e negociações suspeitas. O coronavírus ameaçou destruir completamente o sonho de Son.
Ele drenou uma enorme quantidade de valor do portfólio da empresa, como a Uber, o serviço de compartilhamento de carros e da Oyo, empresa de indiana de hospitalidade, que se mostraram particularmente suscetíveis aos efeitos da pandemia.
Destemido, Son se dobrou sobre si mesmo. No mês passado, o SoftBank disse que venderia US$ 41 bilhões em ativos – talvez para incluir parte de suas participações no Alibaba – para aumentar suas reservas de caixa e financiar um plano ambicioso de recomprar US$ 23 bilhões em ações e fortalecer seu estoque com a queda de preço.
Primeira perda anual em 15 anos
Em um anúncio separado na segunda-feira 18, o SoftBank disse que gastará US$ 4,7 bilhões em direção a essa meta até o final de março de 2021, dobrando o valor que já havia prometido em março de 2020. As ações da empresa em Tóquio subiram quase 2,5% no meio-dia da segunda-feira 18.
A empresa divulgou dois avisos de lucros neste trimestre, preparando os investidores para perdas da ordem de US$ 16,7 bilhões de seus investimentos no Vision Fund. A queda no valor do fundo será parcialmente compensada pelos outros negócios do SoftBank, mas a empresa previu que havia perdido US$ 12,6 bilhões no ano encerrado em 31 de março, sua primeira perda anual em 15 anos.
Em seu comunicado, o SoftBank não mencionou o motivo da partida de Ma. No ano passado, Ma se aposentou como presidente-executivo do Alibaba, dizendo que se afastaria de seus esforços comerciais para se concentrar na filantropia.
A saída de Ma do Conselho da empresa segue o mesmo caminho de Tadashi Yanai, fundador e presidente da varejista de roupas japonesa Uniqlo, que deixou de ser conselheiro do Softbank no final do ano passado. Yanai era um aliado de longa data de Son e visto como uma influência moderadora do exuberante fundador do SoftBank.
Em mensagem, o Softbank esclarece que “Masayoshi Son afirmou na divulgação de resultados mais cedo que Jack Ma saiu por sua própria vontade e deixou o cargo de CEO do Alibaba seis meses antes. O SoftBank também anunciou a nomeação de dois novos diretores independentes, incluindo um conhecido CEO de tecnologia”.